Veja | 28 de janeiro de 2011 - 14:24

Vacina contra cólera é útil após surgimento de epidemia

Uma vacinação contra o cólera durante uma epidemia como a do Haiti pode limitar sua propagação e permitir combater melhor uma bactéria que, após várias mutações recentes, voltou mais virulenta. Um estudo conduzido no Vietnã durante uma importante epidemia de cólera em Hanoi mostra que a administração de uma ou duas doses de vacina oral proporciona 76% de proteção eficaz. A pesquisa, conduzida por Dang Duc Anh e Anna Lena López, do Instituto Internacional de Vacinas (IVI) em Seul, na Coreia do Sul, foi publicado no periódico Public Library of Science (PLoS).

Uma outra pesquisa, feita por Rita Reyburn, do IVI de Stonetown em Zanzibar (Tanzânia), estabeleceu um modelo dos efeitos de uma vacinação contra o cólera durante várias epidemias recentes no mundo. Sua equipe provou os efeitos de uma vacinação sobre 50 a 75% da população dez semanas após o início de uma epidemia, com uma segunda dose 33 semanas depois. Em todos os casos, os médicos constataram efeitos positivos.

Em um editorial que acompanha os dois estudos, Edward Ryan, do hospital geral de Massachusetts e da Universidade de Harvard, destacou "a importância" dos resultados obtidos frente à ineficácia dos esforços internacionais na luta contra o cólera, cujas últimas epidemias foram registradas no Haiti, Paquistão, Zimbábue, Nigéria, Angola e Vietnã.

Ryan também destaca que estas epidemias são cada vez mais frequentes e severas, e explica no editorial que a bactéria Vibrio cholerae, responsável pelo cólera, teve muitas mutações nos últimos anos. Essas novas características da bactéria fazem com que a comunidade médica e os responsáveis pela saúde pública revisem o possível papel de uma vacina para ajudar a controlar as epidemias.

A epidemia de cólera no Haiti deixou desde meados de outubro cerca de 4.000 mortos. A doença manifesta-se com diarreia intensa, vômitos e náuseas que provocam grave desidratação.