| 25 de janeiro de 2011 - 14:00

Jovens são os mais prejudicados por desemprego no mundo

Embora o mundo venha se recuperando da crise financeira que abalou os mercados em 2008, a criação de empregos segue sem decolar. E a situação é ainda mais grave entre os jovens, segundo relatório da Organização Internacional do Trabalho.

Em 2007, ano que antecedeu a pior crise econômica mundial em sete décadas, a situação dos jovens era exatamente a oposta do que se vê hoje. Naquele ano, apenas 12,4% dos jovens nos países ricos não tinham trabalho. O número aumentou em 2010 para 18,2% e não há sinais de queda.

Um dos países onde a situação é mais crítica é a Espanha, destino de 5 milhões de imigrantes em apenas dez anos em busca de trabalho. Muitos eram jovens. Em 2010, o desemprego entre jovens chegava a 39%. Seria de 45% se contasse aqueles que já desistiram de buscar trabalho.

Apesar do nível de desemprego entre os jovens ter diminuído, de 79,6 milhões em 2009 a 77,7 milhões em 2010, "tais números não refletem a gravidade de como a crise afetou os jovens", afirma José Manuel Salazar-Xirinachs, diretor-executivo do setor de Emprego da OIT. "Em 56 países sobre os quais dispomos de dados, o mercado do trabalho conta com 1,7 milhão de jovens a menos que o previsto sobre a base das tendências observadas a mais longo prazo, o que reflete que o desânimo entre os jovens aumentou consideravelmente", assinalou.

Total - Em termos gerais, a OIT revela que em 2011 haverá 203,3 milhões de pessoas desempregadas em todo o mundo. Isso representa uma taxa global de 6,1% e uma leve melhora em relação a 2010, de acordo com o relatório Tendências mundiais de emprego 2011. O total de desempregados se situou em 205 milhões de pessoas em 2010, um número praticamente invariável em relação ao ano anterior e 27,6 milhões superior ao número registrado em 2007, segundo o relatório.

A taxa mundial de desemprego foi de 6,2% em 2010, contra 6,3% do ano anterior, e segue muito acima da taxa de 5,6% registrada em 2007. "O elevado nível de desemprego mundial contrasta marcadamente com a recuperação observada em vários indicadores macroeconômicos essenciais: o PIB real mundial, o consumo privado, o investimento bruto em capital fixo e o comércio mundial, que em 2010 já tinham se recuperado acima dos valores prévios à crise", afirma Salazar-Xirinachs.

Segundo ele, a recuperação nos mercados de trabalho é muito "desigual", pois de um lado há "um aumento contínuo do desemprego nas economias desenvolvidas e na União Europeia" enquanto de outro se nota "uma situação de estabilidade a ligeira melhora do desemprego na maioria das regiões em desenvolvimento".

Brasil – O relatório revela ainda que, pela primeira vez, o Brasil apresenta uma taxa de desemprego abaixo da dos países ricos e, pelo menos nas áreas metropolitanas, abaixo da média mundial. Além disso, um jovem em busca de emprego encontrará uma oportunidade mais facilmente no Brasil do que nas grandes cidades europeias ou americanas.

Há mais jovens desempregados nos Estados Unidos e na Europa que no Brasil, segundo a OIT. O problema é que a qualidade dos empregos ainda é baixa e o país não consegue gerar maior produtividade ao trabalhador, que começa a ser superado pelos chineses.

Antes da crise, em 2007, a taxa de desemprego no Brasil era de 8,2%. Hoje, é de 5,7%. Em 2007, o mundo apresentava desemprego de 5,6%. Atualmente, chega a 6,2%. Nos países ricos, a taxa é de 8,8% em 2010, ante meros 5,8% em 2007. "O Brasil é um dos raros casos onde há uma tendência contrária ao que ocorre pelo mundo", diz a OIT. Segundo o governo, 2,5 milhões de empregos foram criados em 2010.