Folha | 14 de janeiro de 2011 - 17:50

Graduação em engenharia cresce 67% em cinco anos

Levantamento divulgado nesta quinta-feira (13) pelo Ministério da Educação mostra que o número de formados na área de engenharia cresceu 67% em cinco anos --após quase duas décadas de estagnação. 

 

O mercado diz, porém, que o volume ainda é insuficiente para atender a demanda.

De acordo com o Censo da Educação Superior, o número de concluintes no setor subiu de 33 mil para 55 mil entre 2004 e 2009.

Mas, mesmo com o crescimento, o Brasil está muito atrás de outros países em desenvolvimento, como a Coreia do Sul (80 mil).

Devido à carência na área, empresas acabam contratando estrangeiros.

Segundo Nival Nunes de Almeida, da Associação Brasileira de Ensino de Engenharia, o Brasil precisaria formar 80 mil engenheiros por ano, de acordo com um estudo feito com a Confederação Nacional da Indústria.

Almeida ressalta que parte dos engenheiros vai para o mercado financeiro e não para o setor produtivo.

DEMANDA ALTA

Responsável pela área técnica do Sindicato da Indústria da Construção Pesada de São Paulo, Helcio Farias afirma que o aumento de formados na área é positivo.

No entanto, diz, a demanda cresce mais rapidamente.

Os dados oficiais mostram que, além da quantidade, há também o desafio de melhorar a qualidade.

A última avaliação mostrou que 1 em cada 4 engenheiros se forma em curso reprovado.

ESTAGNAÇÃO

O censo do Ministério da Educação confirmou que há uma tendência de aumento de concluintes para lecionar matérias carentes no ensino básico (física, química, biologia e matemática), conforme informou a Folha em setembro --mesmo que em uma quantidade insuficiente.

Outra constatação presente no levantamento é que o ritmo de crescimento universitário perdeu força, ainda que cerca de apenas 15% dos jovens estejam no ensino superior. A meta do governo é chegar a 33% até 2022.

A comparação com dados dos anos anteriores, no entanto, foi prejudicada, pois o MEC tornou mais rígida a coleta de informações.

"O panorama não é bom. Há 40 mil vagas públicas ociosas e 1,6 milhão na rede privada. O governo precisa atuar para preenchê-las", disse Oscar Hipólito, do Instituto Lobo e ex-diretor da USP-São Carlos.