| 5 de janeiro de 2011 - 07:34

Leia o artigo “A vingança é um prato que se come frio" Joacir Rodrigues de Olive

Esse ditado popular significa que para se vingar a pessoa tem que esperar, tem que ter paciência, ou seja, se a pessoa esperar para poder comer e tiver paciência, a comida acaba esfriando, daí o ditado. Recordando a história recente das disputas eleitorais do PT em Dourados percebemos que o ditado acima pode muito bem ser usado para o atual momento político vivido pelo Partido.

 

Na primeira eleição vitoriosa do PT ao governo do Estado em 1998 o candidato petista foi muito bem votado aqui em Dourados. Pode-se afirmar que o eleitor douradense foi um dos principais responsáveis pela sua eleição, de quebra o PT de Dourados elegeu ainda dois deputados, um estadual e outro federal.

 

No ano de 2000, mais uma vez a campanha eleitoral do PT em Dourados foi vitoriosa, com a eleição do prefeito e mais dois vereadores, que depois passou a três com a troca de partido de um terceiro. Até esse momento tudo era cor de rosa, ou no caso do PT tudo vermelhinho, uma maravilha. Todos eram amiguinhos do governador.

 

Em 2002, novamente o PT faz o governo do Estado, mas tendo que apelar pela ajuda dos “companheiros” do PR para conseguir vencer as eleições no sufoco aos 44 minutos do segundo turno. Com isso, as coisas começaram a azedar entre Prefeitura e governo do Estado, já que o governador supostamente insinuava corpo mole das “lideranças” douradenses, que, diga-se de passagem, se calaram para essas críticas.

 

Em 2004, novamente o PT de Dourados sai vitorioso, com a reeleição do prefeito e o aumento da bancada de vereadores, que passou de três para quatro, atingindo 1/3 do número de cadeiras da Câmara de Vereadores. Esse talvez o melhor momento do partido no município, pelo menos numericamente. 

 

Veio 2006, o PT lança candidatura para a sucessão estadual. O candidato colocado no Partido pelo Governador à época, não vence o pleito. Começam então novas acusações, agora a nível estadual pelo candidato derrotado. Desta feita o acusado de fazer corpo mole é o seu próprio tutor. Para a sobrevivência de ambos e decadência do Partido, o mesmo é dividido em dois no Estado, passando a ter o PT do ex-governador e o PT do Senador. Nessa eleição, o deputado federal do PT de Dourados também não se reelege.

 

Nas eleições municipais de 2008, as duas “principais lideranças” do PT de Dourados se unem numa candidatura fadada ao fracasso, mas que, “ungido” pelo prefeito, vence “democraticamente” as prévias do partido tornando-se candidato a prefeito, quando nem a reeleição para vereador havia conseguido nas eleições de 2004. Agora o ex-governador volta à cena na condição de traidor por, segundo alguns, ter feito a campanha da candidatura vencedora, que não era a do seu próprio partido.

 

Nessas eleições, depois de oito anos de mandato, o PT de Dourados teve uma derrota vexatória, pois além de ficar em terceiro lugar na corrida para a prefeitura ainda viu a sua bancada de vereadores despencar de quatro para apenas um, que, diga-se de passagem, deu sustentação imediata ao candidato vencedor. Interessante que as acusações ao ex-governador sempre foram pelas costas, pois quando o mesmo veio ao partido nossas “lideranças” o receberam de braços abertos.

 

O tempo passou e nossas “lideranças” agora fazem parte do PT do senador. Com isso, quem ousa debater qualquer assunto que não seja do agrado do senador é tido como inimigo e acusado de não querer que o senador seja governador. Pelo menos é a falácia que se ouve nos bastidores. E para mostrar que são fiéis vale até virar a casaca e apoiar o candidato do senador, mesmo contra a orientação do Diretório Nacional do Partido, afinal ele é “o senador de todos”.

 

De quebra faz-se a vingança contra o ex-governador por ele supostamente não ter apoiado o pangaré, afinal “a vingança é um prato que se come frio”. Mas seria prudente que o senador não apostasse tanto em “lideranças” com prazo de validade. Em tempo, vingança é uma coisa feia e desprezível.