O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou nesta terça-feira que o governo brasileiro não irá "medir esforços" para evitar o derretimento do dólar, ao menos ante o real.

De acordo com o ministro, a perda de valor da moeda norte-americana acontece em todo o mundo, e não apenas no Brasil, em decorrência dos sinais mais positivos da economia dos Estados Unidos.

"Parece contraditório, mas, num primeiro momento, os investidores ficam mais confiantes e saem do dólar para investir em ativos de maior risco. Esperamos que, no futuro, essa recuperação da economia norte-americana possa reduzir a política expansionista nos Estados Unidos e aumentar os juros por lá e o dólar passe a se valorizar", afirmou.

Mantega também afirmou, durante entrevista coletiva, que no início deste ano o governo fará um forte ajuste fiscal, reduzindo bastante a demanda do governo. De acordo com o ministro, com gastos estatais menores, reduzem as pressões inflacionárias e facilita o trabalho da política monetária, coordenada pelo Banco Central, que poderá gradualmente reduzir os juros.

"Juros altos atraem esse investimento estrangeiro. Com um movimento de queda de juros, diminui o interesse de estrangeiros em realizar arbitragem de juros no país [quando investidores tomam dinheiro em países com taxas de juros menores e aplicam em nações com taxas mais elevadas, ficando com o lucro das operações]. Isso terá impacto no câmbio", afirmou Mantega.

Ele ressaltou que ainda estão em estudos os contingenciamentos que serão realizados no Orçamento, mas afirmou que todos os ministérios terão uma disponibilidade menor de recursos. "Vamos analisar cada ministério, suas necessidades, quais os custos ou custeios que podem ser revistos. Um corte linear não é inteligente", disse.