13 de julho de 2004 - 17:11

Rebeldes matam refém búlgaro no Iraque, diz Al Jazira

O grupo rebelde iraquiano Jamaat al Tawhid e Jihad, do jordaniano Abu Musab al Zarqawi, supostamente ligado à Al Qaeda (liderada por Osama bin Laden) enviou uma fita de vídeo à TV árabe Al Jazira (Qatar) com a execução de um dos dois búlgaros mantidos reféns. O outro búlgaro recebeu ultimato de 24 horas.

O grupo exige a libertação de todos o iraquianos mantidos como prisioneiros pelas forças de coalizão lideradas pelos Estados Unidos. Os búlgaros Georgi Lazov, 30, e Ivailo Kepov, 32, foram presos quando transportavam carros para o Iraque.

O governo da Bulgária confirmou no domingo (11) que os dois motoristas búlgaros estavam vivos, sem no entanto, especificar a origem da informação.

Esforços

O governo da Bulgária realizou esforços diplomáticos para tentar libertar os dois reféns, negociando com líderes regionais, mas disse que não iria alterar sua política pró-EUA no Iraque.

No sábado (10), o ministro do Exterior da Bulgária, Solomon Passy, pediu misericórdia e compreensão da condição dos dois motoristas, que são civis, com problemas de saúde, e que estavam apenas tentando ganhar a vida.

"George, um dos homens seqüestrados, é diabético, o outro, Ivailo, já sofreu um ataque. Cito aqui o provérbio muçulmano que apela por misericórdia para os pobres, os famintos e os doentes", disse Passy.

"A Bulgária é amiga das nações árabes e do povo iraquiano, e estamos no Iraque para ajudar o povo iraquiano. Iremos permanecer lá enquanto o povo iraquiano precisar de nossa ajuda", disse o ministro. A Bulgária contribuiu com o envio de 470 soldados às forças multinacionais.

Apelo

Na sexta-feira (9), as mulheres dos dois motoristas búlgaros pediram a libertação de seus maridos em um vídeo endereçado aos seqüestradores, segundo a porta-voz do Ministério do Exterior da Bulgária, Viktoria Melamed.

"Este foi um comunicado muito humano. As duas disseram que os maridos delas são pessoas comuns, que foram para o Iraque ganhar alguns dólares", disse a porta-voz.

Ela disse que as mulheres dos motoristas -Ludmila Aleksieva e Neli Kepova- fizeram o apelo à TV Associated Press, que prometeu enviar o vídeo para a Al Jazira.

Filipino

Nesta terça-feira também expirou o ultimato dado ao refém filipino Angelo de la Cruz, 46, ameaçado de decapitação, após informações controversas dadas pelo governo filipino não indicarem ao certo se vão ou não retirar suas tropas do Iraque. O ultimato dado pelos seqüestradores expirou às 16h (horário de Brasília) desta terça-feira. Até o momento não há nenhuma informação por parte dos rebeldes nem do governo filipino.

Os rebeldes exigem a retirada das tropas filipinas do Iraque até 20 de julho em troca da vida de De la Cruz. A saída oficial dos filipinos do país está prevista para 20 de agosto.

O grupo extremista Brigada Khalid bin Waleed do Exército Islâmico no Iraque afirmou em um vídeo difundido pela TV árabe Al Jazira (Qatar) que havia feito o possível para provar que queria poupar a vida de De la Cruz.

Mais cedo, as Filipinas fizeram um apelo direto para os seqüestradores que mantinham De la Cruz capturado no Iraque, pedindo que a vítima fosse mantida viva. Ontem comunicado do Ministério Relações Exteriores filipino disse que o país iria retirar as tropas do Iraque "o mais rápido possível", sem especificar, no entanto, uma data.

Desde a captura do filipino De la Cruz, ocorrida na quarta-feira passada (7), as Filipinas se negavam a retirar seus homens do Iraque antes da data prevista, em 20 de agosto. Os seqüestradores, entretanto, exigiam que a retirada ocorresse até o dia 20 de julho.

As Filipinas mantêm apenas 51 soldados atuando na coalizão anglo-americana liderada pelos EUA (que tem cerca de 160 mil homens no Iraque). Outros 4.000 civis trabalham como prestadores de serviço para as forças americanas, servindo comida, limpando banheiros e atuando em outros serviços de apoio.


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