Folha Online | 8 de novembro de 2010 - 10:36

Brasil pós-Lula deve ajudar em democracia regional

A saída do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em janeiro, pesará na percepção do mundo sobre o Brasil, diz o diplomata Nicholas Burns, o número 3 do Departamento de Estado dos EUA até 2008, em entrevista à Luciana Coelho, em Boston.

"Sob [Fernando Henrique] Cardoso e Lula, o Brasil se transformou, assumiu responsabilidades e virou uma força benéfica mais importante no continente. O país está se tornando mais poderoso economicamente, sobretudo após o pré-sal. Mas há uma questão de atitude. Lula deu ao Brasil autoconfiança", disse.

"Estamos entrando em um novo equilíbrio de poder global, em que é necessário que o Brasil e a Índia sejam mais ativos em um conjunto de desafios crescente, da mudança climática ao terrorismo, da proliferação nuclear à pobreza", completou.

O diplomata diz não concordar com todas as escolhas feitas por Lula e espera "que, sob Dilma Rousseff, o Brasil possa continuar a se tornar um país que promova a democracia no hemisfério".

Burns defendeu ainda que "é hora de o Conselho de Segurança [da ONU (Organização das Nações Unidas)] considerar o Brasil como membro permanente". "Cá estamos, em um mundo com desafios e oportunidades totalmente diferentes. Um conselho sem o Japão, a Índia, o Brasil e um país da África não é relevante para o nosso tempo".