3 de dezembro de 2004 - 07:59

Documentário sul-mato-grossensse ganha 4 prêmios em Brasília

O primeiro longa-metragem dirigido pelo sul-mato-grossensse Joel Pizzini, “500 Almas”, recebeu quatro prêmios no 37° Festival de Brasília, que se encerrou ontem à noite. O longa trata da história da tribo Guató, que teve origem nômade e hoje vive como população ribeirinha na região do Pantanal. Os prêmios recebidos foram o de melhor fotografia, som, trilha sonora e montagem.

500 Almas abriu na última quarta-feira a mostra competitiva. O filme, primeiro longa-metragem do diretor Joel Pizzini, é um resgate da cultura guató, tribo de origem nômade dada como extinta até os anos 60 e que atualmente vive dispersa como população ribeirinha pela região do Pantanal.

Ao apresentar o filme no palco do Cine Brasília, Pizzini salientou sua preocupação de, levando em conta as características dos guatós e contando com rigoroso trabalho de pesquisa, mergulhar no universo mítico dos índios - focalizado por meio do que denominou de "arqueologia afetiva".

Contando com a participação dos atores Paulo José e Matheus Natchtergaele, 500 Almas mostra como os guatós reconquistaram parte de seu antigo território do Mato Grosso do Sul (a ilha de Insua, perto da fronteira com a Bolívia) depois do trabalho de redescoberta por parte da missionária Ada Gambarotto. Trechos de uma peça teatral do roteirista francês Jean-Claude Carrière (intitulada Controvérsia de Valladollid) são incorporadas na estrutura do documentário.

"Os guatós fazem parte do meu imaginário", contou Pizzini, nascido no Mato Grosso do Sul. "É um filme de autores", disse apontando para representantes de sua equipe, como a Irmã Ada Gambarotto e o músico Livio Tragtenberg. Pizzini definiu 500 Almas como um trabalho etnopoético que rompe as fronteiras do gênero documentário.

Depois de evocar o nome de Glauber Rocha, cineasta que se empenhou na linguagem de rupturas, o diretor assinalou a importância do Festival de Brasília como um evento voltado para o cinema independente e autoral. Lembrou também de seu trabalho na restauração do clássico glauberiano Terra em Transe.
 
 
 
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