Folha Online | 20 de outubro de 2010 - 05:18

GVT ofensiva de conteúdo para banda larga no Brasil

A companhia de telecomunicações GVT, comprada pela Vivendi no ano passado, iniciou sua ofensiva no mundo do entretenimento com uma parceria com a maior gravadora do mundo, a Universal Music, em um esforço para expandir seus serviços no Brasil num momento de crescente competição no mercado de acesso rápido à web.

A operadora vai disponibilizar aos clientes de banda larga, a partir desta quarta-feira (20), acesso gratuito ao catálogo completo da gravadora, que inclui artistas como Rolling Stones e Ivete Sangalo, via streaming, ou transmissão pela Internet.

O acesso inclui videoclipes além das músicas e eventos especiais como promoções com artistas da gravadoras.

O anúncio foi feito pouco depois da GVT ter chegado a 1 milhão de clientes de banda larga dos quais 60% são usuários de velocidades de 10 Mbits por segundo ou superiores, taxa considerada elevada para os padrões do país.

A oferta permite que o usuário da banda larga da GVT tenha acesso a um catálogo formado por 5 milhões de faixas das quais 300 mil são de artistas brasileiros, estimou o presidente da Universal Music Brasil, José Antonio Éboli.

"A gente está apenas no início, ainda vai ter muito investimento pela frente", afirmou o vice-presidente executivo da GVT, Alcides Troller, a jornalistas durante o lançamento do serviço. Segundo ele e Éboli, a parceria com a Universal Music pode render uma loja de downloads de música mais adiante e também permitir o acesso de clientes de operadoras.

Quando comprou a GVT em uma operação polêmica marcada pela disputa com a espanhola Telefónica, um dos interesses do grupo francês era aproveitar o crescimento da renda do brasileiro e da rápida expansão do mercado de internet do país para difundir seu conteúdo, que além de música envolve também cinema e videogames.

Segundo Troller, a GVT vai investir R$ 4,5 milhões em publicidade do novo serviço apenas no primeiro mês de lançamento. A operadora começou 2010 com um orçamento global de investimentos de 900 milhões de reais, mas desde então teve que rever o montante duas vezes, para os atuais R$ 1,5 bilhão, mais que o dobro do aplicado em 2009.

SÃO PAULO E RIO

A oferta de música grátis, que poderá ser acessada pelos usuários da banda larga da empresa mesmo quando não estiverem conectados à rede da GVT, em hotéis por exemplo, também vem em um momento em que a companhia expande sua atuação para consumidores residenciais dos maiores mercados do país, as regiões metropolitanas de São Paulo e Rio de Janeiro. Segundo Troller, a GVT começará a vender serviços a residências nessas áreas já em 2011. A operadora já atua nessas regiões com empresas.

Além disso, a companhia está negociando com parceiros de conteúdo para lançar também no próximo ano uma operação de TV paga.

"A prioridade da GVT é telefonia fixa, banda larga e TV paga (...) estamos acompanhando a indústria celular, mas não vamos participar do leilão da banda H [de telefonia 3G] porque os investimentos são muito altos para uma tecnologia que migrará para o 4G", disse o executivo.

"No [leilão de frequências] de 4G faria sentido participarmos", acrescentou Troller, referindo-se ao leilão de telefonia móvel de quarta geração que a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) pretende promover no início de 2011.

Troller não informou quantos clientes de banda larga a GVT pretende conseguir com o serviço de música com a Universal ou com as expansões de sua rede, atualmente presente em 93 cidades.

A empresa fechou seu capital depois da compra pela Vivendi. Apesar disso, o executivo afirmou que a previsão de receita líquida em 2010 é de US$ 2,3 bilhões, alta de 35% sobre 2009. A estimativa para o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) é de US$ 944 milhões, avanço de 44% na comparação com o ano anterior.