G1 | 15 de outubro de 2010 - 16:40

Serra defende reformulação total do Exame Nacional do Ensino Médio

O candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra, defendeu nesta sexta-feira (15), em evento com professores em São Paulo, a reformulação total do Exame Nacional do Ensino Médio, o Enem.

"O Enem tem que ser refeito, tudo. Porque a utilização política, propagandística, acabou arruinando o Enem. Já nem falo do uso eleitoral disso, de correspondências aproveitadas com dados cadastrais do Enem, mas digo a substância mesmo, a falta de planejamento", afirmou o tucano em entrevista.

O exame, criado ainda no governo Fernando Henrique Cardoso, em 1998, avalia o desempenho de estudantes das redes pública e privada que concluíram o ensino médio no ano da prova ou em anos anteriores. Hoje já substitui o vestibular em cerca de 92 mil vagas de universidades federais. Em 2009, após reformulação do exame pelo governo Luiz Inácio Lula da Silva, a prova do Enem foi furtada após ser impressa. O vazamento das questões causou o adiamento do exame. Em agosto deste ano, dados pessoais de inscritos vazaram na internet.

Em discurso de cerca de meia hora, o ex-governador de São Paulo fez referência ao vazamento cadastral ao classificar o Enem como "sintese da desmoralização" do ensino médio no país.

"Hoje isso acabou virando instrumento de perigo para estudantes universitários que tiveram o cadastro de suas vidas exposto à manipulação de bandidos", disse Serra, que defendeu uma "reforma estrutural" no ensino médio. "É obsoleto, ineficiente, custoso e cruel com a juventude, porque não lhe abre portas para o futuro", disse.

Críticas ao ensino superior federal
O presidenciável também reservou críticas ao ensino superior federal. Apontou falta de articulação com o ensino superior privado e o oferecido por estados e municípios. "É uma total descoordenação", definiu.

Sem citar números, o tucano apontou redução no número de formandos no ensino superior federal durante o governo Luiz Inácio Lula da Silva, defendendo o indicador como melhor forma de avaliar o dsempenho do setor.

Para defender a atuação da gestão petista no setor, o presidente Lula e a campanha de Dilma Rousseff apontam com frequência o maior número de universidades federais criadas pelo PT no Planalto.


O encontro do Dia do Professor organizado pela campanha tucana reuniu cerca de mil pessoas, a maior parte educadores das redes municipal e estadual na Grande São Paulo.

O candidato, que se definiu como professor ("Foi praticamente a única atividade que tive"), defendeu políticas para o setor adotadas por gestões tucanas na Prefeitura de São Paulo e no governo do estado, como o emprego de duas professoras por sala no primeiro ano do ensino fundamental e a instituição de bônus por desempenho.

Serra também criticou o sindicato dos professores do estado de São Paulo, que tem um histórico de greves e confrontos com a gestão tucana no estado. Apontou "aparelhamento político" no sindicalismo da educação paulusta, citando como exemplo multa de R$ 7.000 aplicada em maio pela Justiça Eleitoral ao Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), por propaganda eleitoral negativa contra sua candidatura.