Agência Brasil | 4 de outubro de 2010 - 15:30

Educação é área estratégica para desenvolvimento do país

Com o crescimento econômico vivido pelo país nos últimos anos, a importância da melhoria da qualidade da educação deixou de ser uma bandeira apenas das entidades da área. Um dos principais desafios que o próximo governo terá que enfrentar é a falta de mão de obra qualificada, que já é um problema e pode se tornar um entrave para o avanço de alguns setores.

“Agora que o Brasil terá um novo governo com mais quatro anos pela frente é o momento de pensar no que precisamos para o futuro.

Um país que tem ambições políticas, econômicas e mesmo de projeção internacional como o Brasil tem que contar com recursos humanos à altura disso”, aponta o coordenador de Educação no Brasil da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), Paolo Fontani.

Ele cita, por exemplo, que apenas um em cada quatro brasileiros é considerado plenamente alfabetizado, segundo o Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf). O índice foi criado pelo Instituto Paulo Montenegro/Ibope para medir os níveis de domínio da leitura e da escrita entre a população.

A educação também foi apontada como área estratégica para impulsionar a produtividade, segundo estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI). “A capacidade produtiva não depende apenas de trabalho e capital.

É fundamental que o país disponha de trabalho qualificado”, indica o relatório. O documento alerta que a produção depende da inovação, que por sua vez só pode ser atingida se houver qualificação.

Na avaliação de Fontani, o investimento principal tem que ser na qualidade do ensino, especialmente na educação básica.

Ele ressalta que o Brasil investe hoje perto de 5% do Produto Interno Bruto (PIB) na área. O percentual está se aproximando dos patamares dos países da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), que têm uma média de 6%.

O coordenador lembra que países lideram os rankings educacionais dão prioridade orçamentária à educação há muito mais tempo do que o Brasil, que tem uma dívida maior a sanar.

Outra diferença está na comparação do investimento por aluno. Um estudante brasileiro do ensino fundamental custa ao ano US$ 1.315 contra a média de US$ 6.437 dos países da OCDE. No ensino médio, o valor é cinco vezes menor.

Junto com 25 entidades, a Unesco elaborou uma carta de compromissos que lista os principais desafios para educação com os quais o próximo governo deve se comprometer. Entre eles está a ampliação do investimento para 10% do PIB “gradualmente”.

“Os países ricos que investiram muito em educação hoje investem cerca de 6%. Mas aqui é preciso uma medida de choque para injetar o dinheiro necessário para que o Brasil passe a brigar com o que se investe nos outros países”, defende Fontani.

O representante da Unesco aponta o exemplo da Coreia, que investiu muito em educação para que a qualificação dos recursos humanos acompanhasse o desenvolvimento da indústria.

“O Brasil está se aventurando em terrenos como o pré-sal, que vai trabalhar com tecnologias de ponta e exigirá mão de obra para entender um nível diferente”, destaca