Folha Online | 4 de outubro de 2010 - 08:42

Nobel de Medicina vai para criador da fertilização in vitro

O professor emérito da Universidade de Cambrigde, Robert Edwards, criador do método para fertilização in vitro, concebido em 1978, recebeu o prêmio Nobel de Medicina e Fisiologia de 2010. O anúncio foi feito nesta segunda-feira (4) pela Fundação Nobel, no Karolinska Institutet, em Estocolmo.

O trabalho do fisiologista britânico permitiu, até hoje, o nascimento de 4 milhões de pessoas e uma solução para a impossibilidade de ter filhos, problema que afeta entre 1% e 2% dos casais em países desenvolvidos na Europa e no continente americano.

Será concedido a Robert Edwards, de 85 anos, um prêmio de 10 milhões de coroas suecas, equivalentes a quase US$ 1,5 milhões. Os próximos prêmios a serem anunciados são nas áreas de Física, Química, Economia, Literatura e Paz.

A técnica de Edwards consiste em retirar um óvulo da mulher e fertilizá-lo com esperma. Após a unão do ovo, composto por material tanto da mãe como do pai, o ovo é colocado de volta no corpo, desta vez no útero. A partir daí, o desenvolvimento do feto é idêntico ao dos demais, com a multiplicação celular gerando tecidos e dando formato ao bebê.

O nascimento da primeira criança pela técnica, Louise Joy Brown, em 1978, na Grã-Bretanha, foi a principal conquista destacada pelo comitê organizador da premiação para laurear Edwards. "Pela primeira vez foi demonstrado que a infertilidade podia ser tratada", disseram os apresentadores da homenagem.

Após a fertilização inicial, iniciou-se um intenso processo de discussão, sobre as implicações éticas do método durante a década de 80.

Jornais suecos divulgaram o resultado horas antes do anúncio oficial da Fundação Nobel, segundo os próprios organizadores do prêmio. Os membros do comitê organizador destacaram que apesar dos problemas éticos, eles resolveram premiar uma descoberta fundamental para a medicina.

No ano passado, o prêmio foi concedido a Elizabeth Blackburn, Carol Greider e Jack Szostak, pela descoberta da enzima telomerase, responsável pela reprodução das células. O trabalho serviu para a compreensão de como cânceres se proliferam e como funciona o envelhecimento das células no corpo.

As pesquisas de Robert Edwards sobre fertilização in vitro começaram no final da década de 1950. O fisiologista começou com animais, porém percebeu que seus estudos poderiam levar a uma solução para o problema da infertilidade.

Óvulos podem não dar origem a bebês por motivos genéticos, de má formação do material oferecido pela mulher ou pelo homem, e também por obstruções ou defeitos no transporte da produção do ovário até as trompas de falópio, que ligam o órgão ao útero, local no qual o feto cresce.

Durante vinte anos, Edwards continuou suas pesquisas, contando com a ajuda do obstetra e ginecologista Patrick Steptoe, lembrado pelos membros do comitê organizador da Fundação Nobel.