Agência Notisa | 24 de setembro de 2010 - 17:26

Segurança alimentar e nutricional cresce com a agroecologia

A alimentação saudável é um dos pilares da promoção de saúde. Mas para que ela ocorra de maneira realmente eficiente, o seu modo de produção também deve ser lavado em consideração. No estudo “Diálogo entre agroecologia e promoção da saúde”, publicado este ano na Revista Brasileira em Promoção da Saúde, Thaisa Navolar, Silvia Rigon e Jane Maria Philippi mostram como a agricultura ecológica ou sustentável tem importante papel nesse processo.

A pesquisa mostra que, a partir da década de 60, o país estimulou a utilização de sementes híbridas selecionadas, fertilizantes químicos, agrotóxicos, drogas veterinárias e maquinário pesado na agricultura com a justificativa de que eram necessários para garantir um aumento na produção de alimentos e, consequentemente, para o combate à fome. Mas, as autoras contestam que, apesar de tal modelo ter registrado um aumento relativo da produção de alimentos, o problema da fome não foi solucionado.

“Fato que comprovou que tal problemática não se deve a uma produção insuficiente de alimentos e sim à má distribuição de renda e à desigualdade social, que impedem o acesso a uma alimentação adequada e saudável para todos”, dizem no artigo.

Além de não ter acabado com a fome, a prática dessa agricultura trouxe efeitos negativos à saúde humana e ao ambiente. “Diversos estudos têm revelado os problemas de saúde causados pela utilização dos agroquímicos, sobretudo para os agricultores”, explicam. Além do impacto sobre a saúde humana, a pesquisa mostra que o uso de agroquímicos traz graves danos ao meio ambiente, como a contaminação de sistemas hídricos superficiais e subterrâneos.

Para reverter os impactos econômicos e ambientais da agricultura industrial, surgiu então, nas décadas de 70 e 80, a agroecologia. “A agroecologia apresenta o potencial para fazer florescer novos estilos de agricultura e processos de desenvolvimento rural sustentáveis que garantam a máxima preservação ambiental, enfatizando princípios éticos de solidariedade”, explicam no texto.

A sustentabilidade é, de acordo com as pesquisadoras, a ideia central da agroecologia, na qual mediante estratégias produtivas de uso da terra é possível conquistar a autossuficiência alimentar de determinadas comunidades.

Elas explicam que a prática da agricultura ecológica possibilitou a construção de condições materiais e imateriais para mudanças positivas na vida das famílias rurais entrevistadas, sobretudo relativas à situação alimentar e de saúde, além de ter contribuído para uma melhora na situação econômica dos agricultores em função da comercialização dos alimentos produzidos.

“Tais desdobramentos e a valorização do trabalho que passa a ser realizado pelas famílias ecologistas abrem perspectivas positivas de permanência no campo, reduzindo assim as chances do êxodo rural. Por outro lado, a produção de alimentos mais saudáveis contribui para a segurança alimentar e nutricional dos consumidores urbanos e também dos camponeses”, dizem.