Folha Online | 23 de setembro de 2010 - 17:36

Retirada dos seios para evitar câncer é exceção extrema

A extirpação das mamas como forma de prevenir um possível câncer não é consenso entre os médicos. Pacientes de alto risco podem até ser aconselhadas a passar pelo procedimento, mas em último caso.O assunto ganhou espaço há duas semanas, com a publicação de uma entrevista da cantora Rita Lee, que contou ter feito a operação.

"Nenhuma pessoa tem indicação formal para a cirurgia", diz Alfredo Barros, coordenador do núcleo avançado de mastologia do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. Isso porque ela é extremamente mutiladora. Além de retirar a glândula mamária, retira-se tecido da base das axilas. No Brasil, costuma-se preservar a pele, a aréola e o mamilo. Nos Estados Unidos, nem isso -a redução de risco é tanto maior quanto maior a quantidade de tecido retirado. Na sequência, a mulher já recebe uma prótese.

Mulheres que podem se beneficiar da cirurgia são, segundo Barros, as que têm grande número de parentes, principalmente de primeiro grau, diagnosticadas com tumores de mama antes da menopausa. As que carregam uma mutação genética que aumenta em até 80% o risco de câncer de mama também são candidatas.

"A indicação deve ser bem individualizada, levando em conta o risco e a qualidade de vida", diz Barros. "Também depende do grau de "cancerofobia" da mulher." "É uma medida de exceção, extrema", avalia José Roberto Filassi, coordenador de mastologia do Icesp (Instituto do Câncer do Estado de São Paulo Octavio Frias de Oliveira). Segundo Filassi, 30% das pacientes têm complicações --10% são graves.

A cicatrização pode ser difícil, pode haver perda de sensibilidade nas mamas, problemas de irrigação podem levar à perda da aréola e do mamilo, além do risco de hemorragias e infecções.