www.ccr.org.br | 21 de setembro de 2010 - 07:12

Mortes causadas pela gravidez caem pela metade em 18 anos no Brasil

O índice de mulheres que morrem em razão de problemas na gravidez ou no parto caiu 52% em 18 anos, entre 1990 e 2008, de acordo com dados divulgados pela ONU (Organização das Nações Unidas) e pelo Banco Mundial.

Apesar disso, o país está longe de cumprir a meta de reduzir essa taxa em 75% até 2015, prevista nos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), que foram adotados pelos membros da organização em 2000.

De acordo com o relatório, em 2008 o Brasil teve 58 mortes maternas para cada 100 mil bebês nascidos vivos, enquanto em 1990 esse índice era de 120. A taxa de queda anual foi de 4%, diz a ONU.

Para atingir o objetivo, a taxa precisa cair para 30 até 2015, uma redução de 48% em seis anos.

Apesar disso, o Brasil apresenta números melhores que a média mundial – o país está entre as 90 nações em que o índice caiu mais de 40% nesse período.

No mundo, o número de mulheres que morreram por complicações na gravidez caiu 34% nesse período, de 546 mil em 1990 para 358 mil em 2008.

A ONU diz que o avanço é “notável”, mas representa metade da redução necessária para atingir o objetivo em 2015 (seria necessário que esse índice caísse 5,5% por ano, enquanto a queda anual desde 1990 tem sido de 2,3% em média).

No levantamento, a organização levou em consideração as mortes de mulheres grávidas ou no período de até 42 dias após o fim da gravidez, por qualquer causa relacionada ou agravada pela gestação. Não são considerados os óbitos por motivos acidentais.

As principais causas de mortes maternas são os sangramentos após o parto, infecções, problemas de hipertensão (pressão alta) e abortos não seguros.

Em 2008, cerca de mil mulheres morreram todos os dias devido a essas causas. Dessas, 570 viviam na África subsaariana, 300 no sul da Ásia e cinco em outros países em desenvolvimento, diz a ONU.

O risco de uma mulher em um país em desenvolvimento morrer por causas relacionadas à gravidez é 36 vezes maior do que o registrado em uma nação desenvolvida.

Anthony Lake, diretor-executivo da Unicef, diz que, “para atingir o objetivo de melhorar a saúde das mães e salvar a vida de mulheres, é preciso se concentrar nas que estão em situação de risco”.

Isso significa alcançar mulheres em áreas rurais e famílias pobres, de minorias étnicas, grupos indígenas, as que vivem em zonas de conflito e as que têm o vírus HIV.

Para a ONU, os números mostram que é possível prevenir as mortes maternas, mas os países precisam investir mais no sistema de saúde e na qualidade do atendimento.