Nicanor Coelho, do Midia Max de Dourados | 20 de setembro de 2010 - 05:15 INVASÃO

Uragano provoca invasão de candidatos “estrangeiros” em Dourados

Até o dia 31 de agosto a situação política em Dourados estava estável. A tese do “voto Caseiro” era predominante na cidade e raramente se via pelas ruas candidatos com domicilio eleitoral em outras regiões do Estado pedindo votos. Bastou a Polícia Federal deflagrar a Operação Uragano no dia primeiro de setembro para que o clima político mudasse em Dourados.

 As prisões do prefeito Ari Artuzi, do vice-prefeito Carlinhos Cantor, de nove vereadores, empresários e servidores públicos caíram como uma bomba nas coordenações das candidaturas locais. As campanhas dos vereadores Sidlei Alves (DEM), Marcelo Barros (DEM), Aurélio Bonato (PDT) e de Dirceu Longhi (PT) que disputam a Assembleia Legislativa sofreram danos por causa da Operação Uragano.

Os três primeiros foram presos e Longhi foi apenas indiciado. As campanhas de Longhi, Bonato e Barros estão voltando lentamente às ruas enquanto que a de Sidlei que continua preso na Penitenciária Harry Amorim Costa desapareceu completamente. O impacto Uragano também estremeceu as campanhas de alguns candidatos a deputado federal por causa do “capítulo censurado” do livro do jornalista e secretário de Governo, Eleandro Passaia.

 Neste capítulo que foi amplamente divulgado na internet haviam citações que ligavam os deputados federais ao esquema de corrupção montado por Artuzi. Com 139.942 eleitores o município de Dourados é continua sendo o segundo maior colégio eleitoral do Estado conforme dados do Tribunal Regional Eleitoral. Este contingente de eleitores representa 8,22% de todos os votos dos sul-mato-grossenses e mostra a importância de Dourados no cenário político.

Diante destes dados e com a queda da tese do “voto caseiro” mais os estragos políticos causados pela Uragano, os candidatos considerados “estrangeiros” estão ganhando terreno e passara a investir pesado em publicidade para granjear os votos dos douradenses que “perderam” os seus candidatos para a corrupção.

 Os canteiros centrais das avenidas Marcelino Pires, Weimar Torres e Hayel Bom Faker mostram que os “estrangeiros” estão levando a sério a campanha em Dourados. Placas móveis são colocadas no início da manhã e são retiradas somente ao cair da tarde. As bandeiradas também se tornaram mais frequentes nesta reta final. Entre os candidatos “de fora” que estão garimpando votos em Dourados aparecem figuras conhecidas como Londres Machado (PR), Ary Rigo (PSDB) e Reinaldo Azambuja (PSDB), mas também outros totalmente obscuros para os eleitores locais como Alcides Bernal (PP), Lídio Nogueira, Carlos Ishikawa, Fábio e Marquinhos Trad, Mara Caseiro, Dione e Roberto Hashioka, Marcio Fernandes entre tantos outros.

 O professor de história João Pedro Teles de Oliveira disse que apesar das candidaturas de políticos locais que naufragaram ainda acredita que os douradenses vão votar nos candidatos da cidade que não se envolveram em corrupção. “Precisamos eleger pelos menos uns quatro deputados estaduais e dois federais para a representatividade seja garantida”, disse o professor ao justiçar que os douradenses não podem desperdiçar o potencial eleitoral “afinal de contas os votos dos 139 mil eleitores vão pesar muito na balança quando as urnas forem abertas”.