Agência Notisa | 18 de setembro de 2010 - 09:32

Hepatite C possui alto índice de doentes crônicos

A hepatite C é a maior causa de atendimento nos ambulatórios destinados a pacientes com doenças hepáticas. Esta afirmação foi feita pela médica do Serviço de Gastroenterologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro e professora adjunta da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Renata Perez, durante mesa redonda sobre hepatites, ocorrida na última quarta-feira (15/09), no 44º Congresso Brasileiro de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial. Segundo a médica, isso se deve ao fato de que não existe vacina para a doença, aliado ao alto índice de casos de hepatite C crônicos.

Segundo Renata, estima-se que existam no mundo 180 milhões de infectados pelos vírus C. Só no Brasil, esse índice é de três milhões. Assim como ocorre com os tipos A e B, o Brasil é considerado uma região de prevalência intermediária da hepatite C. “Resultados preliminares de um inquérito que está sendo realizado pelo Ministério da Saúde na população apontam uma prevalência entre 1% e 2%”, explicou.

A professora disse que a hepatite C é a principal causa de cirrose e de carcinoma hepatocelular (um tipo de câncer no fígado), representando a principal indicação de transplante hepático. Segundo ela, os grupos de risco da doença são: usuários de drogas endovenosas, pacientes em hemodiálise, profissionais de saúde que têm contato com sangue contaminado, pacientes que receberam hemotransfusão e os que receberam transplantes de órgão – principalmente até 1992, data em que o teste anti-HCV passou a ser utilizado na triagem de doadores de órgãos e tecidos.

A transmissão do vírus C é principalmente parenteral (através do sangue) e, em pouquíssimos casos, sexual e vertical (de mãe para filho). Renata também explicou que existe um contingente de casos em que não se consegue identificar a causa da contaminação.

De acordo com a médica, o tratamento se baseia no uso do medicamento interferon, que pode ser convencional (administrado três vezes na semana) ou peguilado (uma única vez na semana). Seu uso, no entanto, apresenta diversos efeitos colaterais, como depressão, rejeição de órgãos e sintomas flu-like (similares aos da gripe).

O paciente pode apresentar três diferentes tipos de respostas ao tratamento: ele pode não responder em seis meses; responder, mas sofrer uma recaída depois de seis meses; e, na melhor das hipóteses, ter uma resposta virológica sustentada (RVS), definida como níveis não detectáveis de vírus de hepatite C no sangue após seis meses da conclusão da terapia.

“O genótipo do vírus é o principal fator de resposta ao tratamento. Para os genótipos 2 e 3, a taxa de resposta é de 70% a 80%. Já para o genótipo 1, a taxa é de 30%. Infelizmente, na população brasileira, o genótipo mais frequente é o 1”, explicou.