Folha Online | 17 de setembro de 2010 - 17:52

Serra torna salário de R$ 600 em bandeira de sua campanha

O candidato do PSDB à Presidência, José Serra, intensificou, na propaganda de rádio e televisão, a divulgação da proposta de elevar dos atuais R$ 510 para R$ 600 o salário mínimo no ano que vem.

A estratégia é transformar o aumento numa marca da propaganda tucana. Segundo o comando da campanha, o tema "vingou" e será continuamente explorado.

Mencionada por Serra pela primeira vez na última sexta-feira, durante um ato de campanha em São Gonçalo (RJ), a proposta começou a aparecer no fim de semana em comerciais na TV.

Ontem, dominou os programas de rádio do candidato, às 7h e às 12h30, e teve destaque no programa de TV noturno.

No rádio, foi criado até um jingle, que diz: "Salário mínimo decente/ 600 reais/ posso sonhar, posso comprar/ posso pagar a prestação/ mínimo a 600/ com Serra eu tenho mais dinheiro na mão".

Os programas também trouxeram depoimentos de pessoas dizendo o que fariam com R$ 600 ("dá pra comprar mais carne", "visitar minha família no Norte" etc.).

Apesar de ameaçar o equilíbrio das contas públicas --a medida significaria despesas de R$ 17 bilhões em 2011, quando não haverá folga aparente nas contas federais-- Serra diz, ao fim do programa: "Dá para fazer perfeitamente. O problema não é de dinheiro não. É vontade política, competência, capacidade técnica".

Assessores do candidato afirmam que a proposta está embasada em um minucioso estudo técnico.

Na TV, foi exibido um quadro comparando a evolução do valor do salário mínimo federal (identificado como "de Dilma") com o de São Paulo, onde o valor é maior.

E Serra então afirma: "Sou economista, fui ministro, sei fazer conta. O salário mínimo vai pra R$ 600 já no ano que vem no Brasil inteiro".

Já num dos comerciais de TV, são exibidas cinco cédulas de R$ 100 e uma de R$ 10 --representando o salário mínimo atual, de R$ 510.

A nota de R$ 10 é então trocada por uma de R$ 100, totalizando os R$ 600 da proposta de Serra, enquanto o locutor diz: "Com Serra presidente, sai o vermelho e fica tudo azul", fazendo um trocadilho com as cores do PT e do PSDB, as mesmas das cédulas de R$ 10 e de R$ 100, respectivamente.

Os comerciais de TV (em geral com 30 segundos) e os programas de rádio são os formatos que mais atingem as classes mais populares, já que é comum os telespectadores desligarem a TV ou saírem da frente do aparelho durante os programas exibidos às 13h e às 20h30, com duração de 50 minutos cada.