G1 | 1 de setembro de 2010 - 11:25

Queimadas causam mais de 75% da emissão de gás carbônico no Brasil

As queimadas são responsáveis por mais de 75% da emissão de gás carbônico no Brasil, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O dado faz parte da publicação Indicadores de Desenvolvimento Sustentável 2010, divulgada nesta quarta-feira (1º). Ainda segundo o instituto, o Brasil está entre os dez maiores emissores de gases de efeito estufa para a atmosfera.

Segundo o IBGE, especialistas consideram a elevação dos teores de gás carbônico na atmosfera como a grande responsável pela intensificação do efeito estufa.

De 1990 a 1994, o total líquido da emissão de gases do efeito estufa no Brasil aumentou em 8,8%. Já de 2000 a 2005, o incremento foi de 7,3%, mostrando uma desaceleração. Apesar da melhora, a situação ainda é preocupante.

Historicamente, a emissão de gases se deve à queima de combustíveis fósseis para geração de energia. Mas, nos últimos anos, uma prática comum no Brasil tem deixado ambientalistas em alerta: a destruição da vegetação natural, com destaque para o desmatamento na Amazônia e as queimadas no cerrado.

O fogo, de acordo com a publicação, é usado tradicionalmente no país para a renovação de pastagens e preparo de novas áreas para atividades agropecuárias, e essas queimadas são autorizadas por órgãos ambientais, desde que haja controle e manejo do fogo.

Os incêndios florestais, no entanto, correspondem a situações de fogo descontrolado que consomem grandes áreas com vegetação nativa, pastagens e cultivos. Têm origem em queimadas descontroladas e no uso não autorizado do fogo. As queimadas e os incêndios florestais são detectados por satélites, como focos de calor sobre a superfície terrestre. As atividades relacionadas a mudanças no uso das terras e florestas contribuíram com 57,9% do total das emissões líquidas, segundo o IBGE.

Ainda de acordo com o IBGE, os focos de queimadas e incêndios florestais caíram 63% (de 188.656 para 69.702) entre 2007 e 2009. Entre os estados, o Acre teve a maior redução, com queda de 93% (passando de 702 para 49), seguido por Roraima (com queda de 85,4%) e Rondônia (com queda de 84,2%). Os estados onde mais aumentaram os focos de calor no mesmo período foram Sergipe (121,3%, de 94 para 208), Paraíba (56,6%) e Alagoas (41%).

Tanto as queimadas quanto os incêndios florestais destroem, anualmente, grandes áreas de vegetação nativa no Brasil, sendo uma das principais ameaças aos ecossistemas do país. Ocorrem majoritariamente, segundo o IBGE, durante a estação seca, entre maio e setembro no Centro-Sul, e entre janeiro e março no extremo norte.

Regiões de cerrado, que abrangem os estados de Rondônia, Tocantins, Maranhão, Piauí, Bahia, Minas Gerais, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás, Paraná e Distrito Federal,  têm os incêndios naturais como parte de sua dinâmica. Porém, o uso indiscriminado do fogo, como o que temos visto nesses meses, constituem as principais causas do desmatamento nesse tipo de vegetação.

Segundo o IBGE, o cerrado já teve 48,37% de sua área original desmatada. Em números absolutos, o cerrado teve sua cobertura reduzida de 2.038.953 km² para 1.052.708 km², com área desmatada de cerca de 901 mil km² (44,20%) até 2002, e de mais de 986 mil km² até 2008. As Unidades da Federação que possuem maior área de cerrado original são Mato Grosso (17,60%), Minas Gerais (16,37%) e Goiás (16,16%).