R7 | 20 de agosto de 2010 - 15:05

A cada 3 queimadas na América do Sul, duas são no Brasil

De três focos de incêndio registrados hoje na América do Sul, dois acontecem em território brasileiro, de acordo com números do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). O órgão, que monitora os incêndios, informa que, na última quinta-feira (19), o país teve 12.044 dos 18.221 focos registrados em todo o continente sul-americano - os focos no Brasil representam dois terços do total da América do Sul.

Segundo mapeamento do órgão, a Bolívia ocupa o segundo lugar, com 4.285 focos de incêndio, número bem maior do que a terceira colocada, a Argentina (685), informa Raffi Agop, meteorologista especialista em queimadas do Inpe. Durante esta semana, os dados não apresentaram variação nesta semana.

- Em toda época de queimada, o Brasil apresenta números de focos de incêndio maiores do que os vizinhos. O tamanho do país e a maior atividade e desenvolvimento agrícola ajudam a criar esse cenário. Mas há de se ressaltar que o número é alto em todo o continente.

A área do território brasileiro, de cerca de 8,51 milhões de km², representa metade da do continente (17,85 milhões de km²). Além da dimensão do país, a atividade humana ajuda a entender porque o Brasil registra maior número de focos de incêndio. As queimadas se concentram mais no norte do Centro-Oeste e no sul do Norte, onde a fronteira agrícola está se expandindo. O cerrado, vegetação predominante na região, e a baixa umidade do ar deste período de seca, facilitam os focos de incêndio, segundo Agop.

- Ainda há uma forte cultura de uso da queimada para “limpar” o solo. Até por isso ela é proibida nos meses mais secos, em agosto e setembro, mas muitos agricultores ainda utilizam essa técnica. No cerrado, as chances do fogo sair do controle e se espalhar são muito maiores.

No Brasil, dois Estados lideram as queimadas. Na última quinta-feira, o Pará registrou 3.214 focos de incêndio. Mato Grosso ficou atrás, com 2.885. O fogo eleva a poluição na região, que aumentou em até 20 vezes nos últimos dias, segundo o Inpe.

América do Sul

A América do Sul é um continente com altos índices de queimadas no inverno, de acordo com o Inpe. A vegetação similar entre os países e o mesmo modelo de agricultura utilizado na produção ajudam a criar o cenário.

O coordenador de proteção e prevenção de incêndio do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, Christian Niel Berlinck, afirma que é natural a disparidade entre o Brasil e o resto do continente e ressalta que a maioria dos incêndios de grande porte no país está acontecendo em locais usados para o agronegócio.

- Sempre tivemos mais incêndios do que os vizinhos. É normal, temos uma área maior e mais pastagens. O que está havendo é que esses focos estão mais presentes em áreas que foram desmatadas anteriormente, nos últimos anos. Essas queimadas são comuns nessa região.

A Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) informou que disponibiliza informações e técnicas para o agricultor realizar uma queimada segura. Além disso, promove cursos para a utilização de técnicas menos agressivas ao solo.