Folha Online | 13 de agosto de 2010 - 17:23

Queimadas no Brasil têm aumento de 85% no ano, informa Inpe

Os incêndios no Brasil aumentaram 85% entre 2009 e 2010, comparando o período entre 1º de janeiro e 12 de agosto, informa o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).

Em 2010, aconteceram neste período 25.999 focos de incêndio. Foram 14.019 em 2009.

Os Estados com mais queimadas foram Mato Grosso, com 6.693; Tocantins, com 4.210; Pará, com 2.526; e Bahia, com 2020. O Mato Grosso teve aumento neste ano de 91% nos incêndios.

Os dados são baseados no satélite de referência utilizado pelo instituto, o NOAA-15. Vários satélites estão à disposição do Inpe, mas este foi escolhido pelo órgão por critérios de precisão, estabilidade, sensor e possibilidade de continuidade.

O satélite americano também mede as ocorrências de incêndios em outros países sul-americanos.

Os campeões de queimadas depois do Brasil foram o Paraguai, com 3.592; a Bolívia, com 2.316; e a Argentina, com 1.216 focos de incêndio em 2010. Nestes três vizinhos, o maior aumento foi na Bolívia, com 53% sobre 2009.

MUNICÍPIOS

Nesta sexta-feira (13), o Inpe detecta 15.183 focos de incêndio em todo o Brasil. Mas sua assessoria de comunicação avisa que os dados diários são mais imprecisos, e o relatório anual faz a consolidação.

O tempo seco e a baixa umidade do ar têm prejudicado alguns municípios com números alarmantes de focos de incêndios, deste modo a Confederação Nacional de Municípios (CNM) recomenda atenção por parte dos gestores para esses casos.

Em Marcelândia (MT), 112 casas e 17 industrias madeireiras foram totalmente destruídas por incêndios e outros 12 prejudicadas. Os prejuízos podem chegar a R$ 10 milhões.

Somente nos últimos dois dias, 83 focos ocorreram na região. Segundo relatos do prefeito Adalberto Diamante, a preocupação é para não deixar o vento espalhar os novos focos de incêndio. "O fogo já está contido. Recebemos apoio do governo estadual e estão aqui a defesa civil e os bombeiros", assegurou à associação.

Ao todo, 300 famílias foram diretamente afetas pelo incidente. Mais de 1.200 pessoas foram atendidas em hospitais do Município. "Elas apresentavam intoxicação por causa da fumaça, algumas estavam muito nervosas e passaram mal e outras com queimaduras leves. Nada muito grave", tranqüilizou.

Não houve vítima fatal, mas a população usa máscaras para evitar a intoxicação. O prefeito afirmou que serão construídas 150 novas casas para a população desabrigada.

Em outro Município, a seca causa também dificuldades no abastecimento de água. São Félix do Xingu (PA), por exemplo, trabalha com dois caminhões-pipa para levar água para 12 mil moradores. "Em 30 anos aqui no Pará, esta é a seca mais extensa que vi. São mais de 70 dias sem chuva", alertou o prefeito Antônio da Silva.

O gestor confirma os dados do Inpe de que em São Félix do Xingu, nos últimos dois dias, houve 1.163 focos de queimada. "Aqui a situação está incontrolável. Nossa secretaria de meio ambiente não tem mais como controlar tudo sozinha", disse. O Município não possui Corpo de Bombeiros e, conforme contou o prefeito, o governo estadual não ajudou em nada até o momento.