Esta perguntinha tão simples é uma das mais temidas e porque não dizer, indesejadas.

Ela lembra sempre que alguém teria que abrir a mão ou o bolso, e segurar a despesa. No passado até se usava esta história de quem vai pagar a conta, para afastar um indesejável do grupo, especialmente se era daqueles que jamais se dispunham a participar das tão conhecidas “vaquinhas”!

Num esquema simples, mas eficaz, o grupo se reunia, batia papo e bebia.  Ao final, quando vinha a conta, acontecia a sugestão previamente combinada de que em lugar de todos ficarem procurando dinheiro no bolso para completar o valor, um só deveria pagar a conta em cada encontro e que o valor seria no máximo o daquele dia. O próprio autor da proposta “assumia” a daquele dia e escalava os outros no rodízio, colocando o indesejável como próximo segundo, alertando que se por ventura alguém faltasse, na próxima que aparecesse, seria o responsável pela despesa. Era fatal que o sempre “duro” não aparecesse na sua vez. E também nunca mais! Nem mesmo que fosse só para dar um alô. Sua indicação para o próximo segundo, era simplesmente uma maneira simpática e educada de não dizer que estava sendo afastado do grupo, porque ele mesmo se afastaria.

Assim também acontece na vida, uns chegam, partilham de nossas vidas por algum tempo, e se vão. Alguns a gente precisa colocar na lista de “caixa da vez”, mesmo que até depois ainda se sinta falta dele. Não pensem que isto seja difícil, porque nós gostamos até mesmo daqueles que nos incomodam. E é verdade, ora!

De tão simples que é esta verdade, que quase sempre acaba por chegar um dia em que só nos resta então colocar esta realidade como despesa única, e também não é difícil se chegar à conclusão de que quem vai pagar a conta, é a saudade!

Antonio Jorge Rettenmaier, Escritor, Cronista e Palestrante, membro da AGEI, Associação Gaúcha dos Escritores Independentes. Esta coluna está em 70 jornais impressos e eletrônicos do Brasil e Exterior.