G1 | 2 de agosto de 2010 - 12:00

Presídios vão usar até enfermaria para assegurar voto de detentos

Além de atender problemas de saúde dos presos, a enfermaria da Casa de Detenção Provisória 3, em São Paulo, vai ter uma função extra no próximo dia 3 de outubro. É lá que vai ser colocada a única urna eletrônica que dará aos detentos o direito de participar da eleição.

No Rio Grande do Sul, apenas os presos com tomadas de energia elétrica instaladas nas celas vão poder acompanhar a propaganda eleitoral gratuita na TV.

Já no Rio de Janeiro, onde os grupos criminosos costumam ter atuação junto aos presos, um sistema de inteligência está sendo preparado pela Secretaria de Segurança.

As medidas fazem parte de uma série de cuidados tomados pelas secretarias estaduais de segurança e pelas direções dos presídios onde os detentos poderão votar. Dos mais de 180 mil presos em regime provisório, 20.099 vão votar, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

 A meta em todos os casos é reduzir a atuação de grupos externos junto aos presos. No Rio de Janeiro, dos cerca de 8 mil detentos que teriam direito a voto, pouco mais de mil pediram para exercer o direito. De acordo com o juiz responsável pela propaganda eleitoral no estado, Luiz Márcio Pereira, o restrito número de presos que pediram para votar já seria resultado, segundo ele, de uma “possível interferência de facções criminosas”.

“Tivemos casos de presídios em que nenhum preso pediu para votar. Chegou até nós informações de que teria havia algum tipo de orientação das facções para que não houvesse votações. Em um universo pequeno de votantes, nos parece que o custo-benefício de uma exposição grande, onde os presos votariam em um candidato obrigados por eles [grupos criminosos], não valeria o investimento. Ficaria fácil de identificá-los”, diz o magistrado.

A fim de inibir a atuação dessas facções, uma ação conjunta está sendo preparada pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Rio de Janeiro, Polícia Federal e Secretaria de Segurança. O modelo de inteligência é o mesmo utilizado na Operação Guanabara, realizada em 2008, quando o trabalho resultou no apoio de forças federais na eleição.

Neste ano, o respaldo federal não está descartado. “A participação dos grupos criminosos é praticamente ostensiva na política e junto aos presos. A nossa preocupação é estar em contato com as polícias para reforçar o trabalho de inteligência. Se for necessário, vamos pedir ajuda”, afirmou o magistrado.