Folha Online | 26 de julho de 2010 - 17:23

Serra diz que MST fará mais invasões com Dilma na Presidência

O candidato do PSDB à Presidência, José Serra, afirmou nesta segunda-feira que uma eventual vitória de sua adversária petista, Dilma Rousseff, fará com que as invasões do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) se intensifiquem.

Em encontro promovido pelo Lide (Grupo de Líderes Empresariais), em São Paulo, Serra destacou que Dilma conta com o apoio do líder do MST, João Pedro Stédile, nas eleições.

"O Stédile declarou apoio a Dilma. Com ela, [os sem-terra] vão poder fazer mais invasões, mais agitações", afirmou. "O MST não existe para a reforma agrária", reiterou.

POLÍTICA EXTERNA

O tucano ainda criticou a política externa brasileira. Segundo ele, as ações do Brasil no setor durante o governo Lula se basearam exclusivamente em interesses econômicos.

"Tivemos uma política de negócios são negócios", disse ele em encontro promovido pelo Lide (Grupo de Líderes Empresariais) --a frase "negócios são negócios" foi proferida recentemente pelo ministro Celso Amorim (Relações Exteriores) durante visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Guiné Equatorial.

Serra criticou as relações do Brasil com países sul-americanos e com a China. "Estamos fazendo filantropia com Paraguai e Bolívia. Com a China, só fizemos concessões", afirmou.

O presidenciável tucano também criticou as relações do governo brasileiro com Cuba. "É amigo de Cuba? Tudo bem. Mas então use isso para soltar os presos políticos."

Segundo ele, o PT, por ser um partido homogêneo, usa a política externa para agradar a setores do partido.

O candidato do PSDB voltou a dizer que o PT tem relações com as Farc, mas dessa vez utilizou um raciocínio diferente. "Todo mundo sabe que existe uma simpatia pelo [Hugo] Chávez [presidente da Venezuela]. Ele abriga as Farc."

ECONOMIA

O tucano disse ver contradições na política econômica do governo federal e defendeu que o Brasil tenha na área uma equipe integrada.

Segundo ele, um dos exemplos do suposto mau planejamento é o Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes).

"Tem órgão como o Dnit que é uma piada em matéria de planejamento." Serra afirmou ainda que as estradas são feitas segundo interesses eleitorais ou não-ortodoxos.

O candidato aproveitou o encontro com líderes empresariais para alfinetar a candidata do PT, Dilma Rousseff, que na semana passada afirmou em entrevista à "TV Brasil" que a carga tributária brasileira não é alta, comparada com outros países.

"A assessoria dela esqueceu de avisar que o Brasil tem que ser comparado com outros países em desenvolvimento, e não com países como a Suécia."

Serra avaliou que o país poderia ter crescido mais durante a crise econômica, e insinuou que falta preparo aos comandantes da política econômica.

"O Brasil perdeu a chance de crescer na crise e investir mais. Talvez por falta de conhecimento."