Folha Online | 21 de julho de 2010 - 14:48

Economia informal movimenta R$ 578 bi e equivale ao PIB da Argentina

A economia informal movimentou R$ 578 bilhões no Brasil em 2009, o equivalente a 18,4% do PIB (Produto Interno Bruto, soma das riquezas produzidas no país), aponta pesquisa divulgada pela FGV (Fundação Getulio Vargas) e pelo Etco (Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial) nesta quarta-feira.

A cifra corresponde ainda a um valor próximo ao PIB da Argentina. O resultado da participação de economia subterrânea do país, que compreende a produção de bens e serviços não reportados ao governo, mostra um avanço em relação a 2003.

Naquele ano, os R$ 357 bilhões registrados representavam 21% do PIB. Na conversão para valores de 2009, essa cifra saltaria para R$ 523 bilhões.

Segundo os pesquisadores, o que explica esse aumento é uma base maior do PIB - quase dobrou no período -, ou seja, o valor movimentado pela economia subterrânea pouco se alterou, porque a renda do brasileiro também subiu.

De acordo com o pesquisador do Ibre (Instituto Brasileiro de Economia) da FGV, Fernando de Holanda Barbosa Filho, uma das variáveis que mais contribuiu para a queda na participação da economia subterrânea em relação ao total foi a busca pelo crédito. Isso significa que empresas e trabalhadores preferem arcar com o custo da formalização para ter acesso a financiamentos.

Uma melhora no sistema de fiscalização no pagamento de tributos e o crescimento de pequenas empresas também contribuíram para a queda no percentual.

Para se chegar ao nível da economia subterrânea, os pesquisadores fazem cálculos baseados na demanda de moeda e número de trabalhadores informais, além de outras variáveis.

OUTROS PAÍSES

De acordo com Barbosa, o nível da economia não contabilizada ainda está aquém do ideal, mas já mostra avanço. A análise é feita com base no índice médio observado em países da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), em que a movimentação subterrânea representa cerca de 10% do PIB.

Já os países emergentes apresentam índice médio de 30% de toda a riqueza circulando fora do circuito formal da economia.

"Em geral uma grande saída (para diminuir o percentual) seria reduzir a carga tributária e a burocracia", aponta Barbosa. Ele acredita que a tendência de queda na economia subterrânea se mantenha pelos próximos anos no Brasil.