Campo Grande News | 8 de julho de 2010 - 11:00

Em um ano, 33 indígenas foram assassinados em MS

Mato Grosso do Sul é o estado com o maior número de homicídios praticados contra indígenas, de acordo com relatório de violência contra povos indígenas no Brasil – 2009, apresentado pelo Cimi (Conselho Indigenista Missionário). Somente no ano passado, 33 indígenas foram assassinados no MS, o que representa 54% do total de 60 casos apresentados pelo relatório no Brasil.

O levantamento deste ano, com dados de 2009, aponta o registro de 60 casos de assassinatos, 19 casos de suicídio, 16 casos de tentativa de morte nno Brasil. Muitas informações se igualam as do relatório de 2008, o que, na avaliação do Cimi não significa que não diminuiu a gravidade da questão, pois a repetição de números apenas confirma o cotidiano de violência vivido por povos indígenas em todas as regiões.

Conforme o Cimi, em Mato Grosso do Sul, os casos de violação de direitos atingem principalmente o povo Guarani Kaiowá. No estado vive a segunda maior população indígena do país, mais de 53 mil pessoas.

Na sexta-feira (9) o Cimi apresenta oficialmente o relatório sobre as violências sofridas pelos povos indígenas no país. O lançamento da publicação será na sede da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), às 15h (de Brasília).

Segundo o vice-presidente do Cimi, Roberto Antônio Liebgott, o relatório mostra a omissão como opção política do governo federal em relação aos povos indígenas.

A atitude, de acordo com ele, implica em diferentes formas de violências, como a não demarcação de terras, falta de proteção das terras indígenas, descaso nas áreas de saúde e educação e a convivência com a execução de lideranças, ataques a acampamentos e outras agressões por agentes de segurança, ataques a indígenas em situação de isolamento, tortura por policiais federais, suicídios entre outras.

Altos índices de violência são ainda registrados quando referentes às agressões ao patrimônio causadas pelos grandes projetos do governo federal. As obras vão desde pequenas centrais hidrelétricas a programas de ecoturismo, gasodutos, exploração mineral, ferrovias e hidrovias. Tais projetos impactam territórios indígenas e afetam a vida de diversos povos, inclusive aqueles que têm pouco ou nenhum contato com a sociedade envolvente.