Globo Rural | 6 de julho de 2010 - 15:56

Preços do café fino levaram alento às regiões produtoras

Os bons preços do café fino trouxeram alento para as regiões produtoras. É o caso do cerrado mineiro, onde a colheita está um pouco atrasada.

No cafezal do seu João Batista Montanari, em Patrocínio, no cerrado mineiro, a colheita começou há cerca de duas semanas.

E ele só conseguiu retirar até agora perto de 20% da produção. No ano passado, ele já tinha feito o serviço em quase metade da lavoura.

“Nós tivemos que fazer uma colheita mais pré-liminar, mais o ponteiro do pé de café, para que a gente pudesse iniciar e ocupar o terreirão, que está vazio. O café está muito verde”, explicou seu João.

O seu João cultiva a variedade topázio, um cruzamento da variedade mundo novo com o catuaí amarelo.

É um café que produz uma bebida muito boa para a exportação. Só que este ano colheita ainda não deslanchou porque o clima não ajudou a maturação dos frutos.

“Teve uma concentração de chuvas num período pequeno e diminuição nos meses seguintes, de janeiro, fevereiro. Então, isso deu uma diferenciação bem desuniforme da florada.

A gente pode ver nos pés frutos muito verde, com pouco cereja e com um seco também nos ponteiros”, explicou a agrônoma Elisa Veronezi.

Para evitar colher mais frutos verdes, o produtor precisou fazer ajustes na colheitadeira. Marcelo Montanari trabalha com o pai. “Houve a necessidade de se retirar as varetas da parte interior da colhedeira.

Depois, teve de fazer um ajuste diminuindo a vibração da máquina, aumentar a velocidade de trabalho e soltar os freios”, contou.

Com esse ajuste, a porcentagem de grãos verdes pôde ser reduzida de 20% para apenas 8%.

O custo aumentará um pouco porque será necessário passar duas vezes a máquina no cafezal. Mesmo com essas dificuldades, o seu João está sorridente.

“A gente está animado por que o preço nosso de custo está mais o menos baseado em R$ 260 por saca.

O preço que estamos alcançando hoje, com esse aumento, é de R$ 310. Está ótimo. Em vista do preço que a gente estava vendendo antes, está ótimo”, avaliou seu João.

De um mês para cá, o preço médio do café subiu perto de 20%. Segundo as cooperativas, isso tem a ver principalmente com a redução dos estoques no mercado interno.

“Em relação ao ano passado, nós estamos com um estoque 70% menor. No ano passado, nós estávamos com 180 mil sacas. Hoje, nós estamos com pouco mais de 60 mil sacas.

Mas isso não é só uma realidade da nossa região do cerrado. Isso é realidade em quase todos os armazéns do Brasil.

A safra está demorando a chegar. O mercado esperava que a safra adiantasse, mas ela demorou.

Outra coisa é que os produtores já estão colhendo e vendendo, aproveitando essa alta do momento”, esclareceu o Joel de Souza, gerente da Expocaccer.

No Espírito Santo, a colheita do café conilon caminha pra etapa final. Já foi concluída em 80% das lavouras.