Folha Online | 15 de junho de 2010 - 13:39

Lula concede reajuste de 7,7% para aposentados

Contrariando a equipe econômica do governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva concedeu nesta terça-feira o reajuste de 7,7% para os aposentados e pensionistas do INSS que ganham acima de um salário mínimo. Lula, no entanto, vetou o fim do fator previdenciário.

A MP (medida provisória) enviada pelo Executivo ao Congresso concedeu o aumento de 6,14%, mas, pressionado por partidos aliados e com medo de uma derrota ainda maior, o governo cedeu e aceitou mudar o índice para 7% --o que corresponde à inflação de 2009 mais dois terços da alta do PIB de 2008.

Os deputados e as categorias de classe, no entanto, não ficaram satisfeitos, e propuseram o índice de 7,7%-- correspondente à inflação do ano passado mais 80% do crescimento do PIB. A proposta de aumento de 7,7% para os aposentados foi aprovada pela Câmara e pelo Senado.

Lula havia sinalizado por diversas vezes que vetaria o reajuste de 7,7%. Ontem, ele disse que não se deixaria levar por "qualquer extravagância".

"Não pensem que eu me deixarei seduzir por qualquer extravagância que alguém queira fazer por conta do processo eleitoral. Minha cabeça não funciona assim. A eleição é uma coisa passageira e o Brasil não jogará fora no século 21 as oportunidades que jogou fora no século 20."

Segundo o presidente, o Brasil vive um momento bom e ele não vai estragá-lo. "Eu acho que esse momento é muito bom e eu não vou estragar. Todo mundo sabe o carinho que eu tenho pelos aposentados brasileiros. Eu vou fazer aquilo que eu achar que é melhor para o Brasil, para os aposentados. Eu não vou estragar minha relação com os aposentados, não vou estragar minha relação com ninguém", disse.

Apesar do superavit primário de R$ 19,8 bilhões em abril, o segundo melhor da história para o mês, os ministros da área econômica afirmaram que o governo não possui recursos para conceder 7,7% de reajuste aos aposentados.

Para o ministro Guido Mantega (Fazenda), o desempenho da economia para o pagamento dos juros é apenas suficiente para que o esforço fiscal alcance a meta para este ano, de 3,3% do PIB (soma dos bens e serviços produzidos pelo país).

"Não está sobrando dinheiro. Nós temos que ser cautelosos com as despesas, então não dá para conceder benefícios adicionais àqueles que já estão estabelecidos", afirmou Mantega.