Ascom/MDS | 12 de junho de 2010 - 10:52

Qualidade do sono tem piorado nos últimos tempos

Ao analisar amostras populacionais da região metropolitana de São Paulo ao longo de três décadas, pesquisadores da Divisão de Medicina e Biologia do Sono, do Departamento de Psicobiologia da Unifesp, concluíram que há uma tendência ao aumento de queixas relacionadas ao sono. Segundo o artigo publicado por Rogério Santos-Silva e colegas na Sleep Medicine em junho deste ano, 1.000 indivíduos adultos participaram da pesquisa em 1987 e 1995 e 1.101 em 2007.

Os autores contam no artigo que nos três períodos analisados foi utilizada a mesma técnica para obter amostragens representativas dos habitantes de São Paulo com relação ao gênero, idade (20 a 80 anos) e status socioeconômico. Nos três momentos, os pesquisadores ministraram o questionário do sono da Unifesp presencialmente aos participantes.

Os resultados revelaram que, em média 13,9%, 19,15% e 25% dos participantes apresentavam dificuldades para iniciar o sono em 1987, 1995 e 2007, respectivamente. Dificuldade de manutenção do sono foi relatada por 15,8% dos participantes em 1987, por 27,6% em 1995 e por 36,5% em 2007. Já a proporção de indivíduos que passou a acordar de manhã cedo aumentou ao longo dos anos, sendo que esse aumento foi maior entre as mulheres. Os pesquisadores destacam ainda na publicação que ronco habitual foi a queixa mais comum em todos os anos, sendo mais frequente entre homens. Os autores afirmam que em 2007 queixas de pesadelos, bruxismo, cãibras e sonambulismo foram significativamente maiores do que nos outros anos analisados.

Para o grupo de pesquisa, as tendências apontadas pelo estudo deveriam ser consideradas um problema de saúde pública. Além disso, segundo os cientistas, elas mostram a necessidade do desenvolvimento de estratégias de atenção à saúde e educacionais que forneçam informações à população sobre os distúrbios do sono e suas consequências.