Folha Online | 10 de junho de 2010 - 07:50

Preço do carro novo sobe 1,8% desde o fim da redução de IPI

O preço dos automóveis novos subiu 1,81% no acumulado de abril e maio, segundo os dados que fazem parte do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) divulgado nesta quarta-feira.

Considerando apenas maio, houve alta de 0,76% no valor médio contabilizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), com desaceleração frente à taxa registrada em abril (1,04%).

O principal motivo para o aumento é a volta do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) à alíquota original, após a redução que vigorou até março deste ano. Desde então, os carros a álcool ou flex de mil cilindradas tiveram o percentual elevado de 3% para 5%. Já nos de até 2.000 cilindradas, passou de 7,5% para 11%.

Para o consultor do setor automotivo André Beer, ex-presidente da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), "o mercado é quem dita" se haverá novos aumentos, lembrando que todos os carros têm um preço sugerido pelos fabricantes. As montadoras, no entanto, podem fazer promoções para estimular as vendas, assim como as concessionárias, entre outros motivos, para desovar estoques.

O estoque de veículos na indústria e nas concessionárias atingiu 34 dias corridos em maio --considerando o ritmo de vendas atual--, ante 27 em abril, representando 289.346 unidades, segundo a Anfavea.

"É um nível aceitável, que dá maior flexibilidade para a escolha do consumidor", afirmou o presidente da entidade, Cledorvino Belini, citando cores e acessórios como exemplos. Apesar de reiterar que este não é um patamar exagerado, o executivo disse ontem, durante a coletiva de imprensa em que os números foram apresentados, que "o ideal seria zero"

Em março, essa quantidade havia chegado a 18 dias devido à corrida dos consumidores às concessionárias para aproveitar o último mês de IPI reduzido. O patamar verificado no mês passado é semelhante ao registrado em maio de 2005 e de 2006, mas abaixo dos estoques nos últimos três anos --todos na casa dos 20 dias.

Para Beer, a partir deste mês, possíveis aumentos no preço dos automóveis novos devem acontecer mais devido à elevação nos custos de produção, como no caso do aço, um dos insumos mais importantes para a cadeia. Ontem, o presidente da Anfavea voltou a afirmar que "cada montadora vai decidir se haverá repasse [da alta dessa matéria-prima] para o consumidor".

No acumulado de 2009, o preço dos automóveis novos teve queda de 3,62%, enquanto os usados apresentaram uma redução ainda mais acentuada (11,9%). Já nos cinco primeiros meses deste ano, os novos subiram 1,22%, ante 0,83% dos usados.

Efeito IPI

O incentivo fiscal, concedido em dezembro de 2008 e que até o final de 2009 valia também para os carros a gasolina, foi uma das principais medidas tomadas pelo governo federal para combater os efeitos da crise econômica e estimular as vendas no setor.

A medida surtiu efeito, e os emplacamentos de veículos (automóveis, comerciais leves, ônibus e caminhões) apresentaram um acréscimo de 11,4% no ano passado ante 2008, registrando o terceiro recorde anual consecutivo, com 3,14 milhões de unidades.

No acumulado dos cinco primeiros meses de 2010, as vendas de veículos novos bateram mais um recorde, atingindo 1,317 milhão de unidades licenciadas. A produção também alcançou uma nova marca nesse intervalo (1,43 milhão).

As montadoras encerraram maio com 113.286 funcionários empregados, retomando o nível pré-crise. No mês anterior, havia 112.628 no quadro de pessoal. No pico, em outubro de 2008, quando houve o agravamento da crise internacional, o setor tinha 113.127 empregados na produção de veículos.