Folha Online | 27 de maio de 2010 - 06:01

Valter Pereira anuncia rompimento com André Puccinelli

O senador Valter Pereira (PMDB-MS) anunciou durante sessão ordinária o rompimento político com o governador de Mato Grosso do Sul, André Puccinelli (PMDB). Descontente por não ter conseguido lançar a candidatura à reeleição, Pereira é mais um desfalque na base aliada do governador, que já sofreu algumas baixas.

Até hoje de manhã, a pretensão do senador era deixar o partido em que milita há 44 anos. Ontem, Pereira disse que somente anunciaria a desfiliação do PMDB e resolveria posteriormente para qual legenda iria migrar. No entanto, o senador confirmou o rompimento com Puccinelli, mas voltou atrás da decisão de sair do partido, depois de ter conversado com lideranças peemedebistas.

"O PMDB é maior que certos dirigentes, é por isso que continuamos na nossa luta", afirmou. O senador diz que Puccinelli usou a máquina pública em favor do deputado federal Waldemir Moka na eleição interna do partido para a escolha do candidato ao Senado.

Desde o ano passado, ocorreram dissidências significativas da base aliada do governador. Uma ala liderada pelo deputado estadual Dagoberto Nogueira decidiu pelo apoio ao candidato petista, Zeca do PT, desagradando alguns integrantes, como os deputados estaduais Ary Rigo e Onevan de Matos, que queriam aguardar as convenções deste ano. O PDT passou oficialmente a apoiar o PT em Mato Grosso do Sul e os dois deputados, insatisfeitos com os rumos da legenda, migraram para o PSDB.

Ainda na base de aliados de Puccinelli, há políticos que manifestaram abertamente o voto a candidatos que são adversários do governador: é o caso do prefeito, vice-prefeito e nove vereadores de Bandeirantes (MS), que apoiam a reeleição de Delcídio do Amaral (PT-MS). Um deles é o vereador Márcio Faustino Queiroz (DEM), partido que já tem um pré-candidato ao Senado, o vice-governador Murilo Zauith. Faustino diz que vai votar nos dois candidatos. "Não escolho pelo partido."

O prefeito de Campo Grande, Nelson Trad Filho (PMDB), pode ser outra voz dissonante no partido: oficialmente, Trad não se manifestou sobre qual candidato à Presidência irá apoiar, mas já disse que não pode virar as costas para quem sempre ajudou a cidade, referindo-se ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em Mato Grosso do Sul, PT e PMDB são adversários históricos, o que torna difícil um possível alinhamento partidário.