Danilo Gentili lidera ibope e diz que ganha muito bem no SBT

FOTO: Patricia Stavis / Agência O Dia

Quando decidiu trocar de emissora, Danilo Gentili pesou a situação na balança. Na Band, ele sofria sérias restrições com a equipe e ia perder um dia de exibição do seu ‘Agora É Tarde’. Em meio à crise, a luz no fim do túnel foi uma proposta do SBT.

Dois anos depois de estrear como apresentador de talk-show, o humorista chegou à TV de Silvio Santos com status de estrela e vem surpreendendo com o seu ‘The Noite’. Desde a estreia, no dia 10, é vice-líder de audiência nas madrugadas de segunda a sexta-feira, com médias de 5 pontos. E, na terça passada, venceu o ‘Programa do Jô’, na Globo.

“Estou muito satisfeito. O que todo mundo viu na nossa estreia e também nos programas que seguiram foi a minha visão do que é um ‘late night’. Fico feliz que o público tenha gostado dela e esteja respondendo com uma ótima audiência todos os dias”, comemora ele, que garante nunca ter pensado em números. “Nunca! Meu pensamento sempre foi um só: fazer um programa que eu gostaria de assistir.”

Ao mudar-se para o SBT, levando junto a banda Ultraje a Rigor, os comediantes Leo Lins e Murilo Couto, e a assistente de palco Juliana Oliveira, Danilo diz que queria “dar upgrade na criação”.

“Estava ficando difícil na Band. Eles demitiram metade da equipe de bastidores, diminuíram o salário de todo mundo e iam tirar um dia do meu programa do ar. Exatamente nesse momento, apareceu o SBT oferecendo o oposto. Iam aumentar o salário da minha equipe, que é uma coisa que sempre briguei para que acontecesse”, explica. O salário também foi turbinado, mas ele despista sobre o valor. “Não chega perto dos R$ 400 mil que falaram, mas posso garantir que está sendo pago em barras de ouro, que valem mais do que dinheiro”, brinca.

O contrato com o SBT é de dois anos. A multa por ter quebrado o compromisso com a Band foi paga pela nova casa, mas nem assim ele escapou de um processo da antiga emissora, devido à semelhança de seu novo programa com o formato do ‘Agora É Tarde’, que ele garante ter criado sozinho.

“Trabalhei duro, com muita limitação, para consolidar a grade. Até fui preso (na época do ‘CQC’) e apanhei pela Band! Criei um programa que todo mundo duvidava que ia dar certo. Mostrei gratidão, mas agora estão me processando”, lamenta. “Em qualquer lugar do mundo, quando você cria um programa e o consolida na grade, você merece ganhar royalties, e não processo. Eles é que continuam usando o programa e o nome que eu inventei”, ironiza.

Apesar de ter a Justiça nos calcanhares, Danilo está tranquilo. “Recebi um monte de citação. Mas estou deixando tudo nas mãos dos meus advogados. Até o meu décimo terceiro está nas mãos deles”, faz piada.

Concorrendo com Rafinha Bastos, seu substituto no ‘Agora É Tarde’ e também seu sócio no Comedians, espaço de stand-up comedy em São Paulo, ele diz que ainda não conversaram: “Estou tão ocupado tentando fazer um programa que divirta as pessoas toda noite que não parei para pensar ou analisar o que os outros estão fazendo. Mas fico feliz que a gente tem colhido boas críticas.”

No SBT, ele garante ter mais liberdade de criação. “Estou na emissora onde o dono perde as calças no ar. Acho que o SBT não tem tanta ligação política com ninguém. A liberdade artística é gigantesca. Simplesmente, a gente chegou aqui e ninguém falou nada, a gente faz o que quer.”

Em relação às mudanças na grade — o programa estreou à meia-noite, mas já entrou no ar atrasado quase uma hora várias vezes —, ele não se mostra preocupado, mas sabe que Silvio Santos tira do ar o que não dá audiência. “Aí, não posso fazer nada”, resigna-se.

Um dos jovens apresentadores da TV, ele acha que os veteranos estão bem mais interessantes do que seus colegas da nova geração. “Silvio e Faustão são muito mais ousados do que os apresentadores novos. Acho que é a primeira vez na história que os jovens são chatos e os velhos estão mais legais. Os novos não querem desagradar ninguém. Não sei se existe um novo código moral, carola, e as pessoas começam a carreira com medo de desrespeitar essa cartilha”, argumenta.

Aos 34 anos, nascido em Santo André, cidade do Grande ABC paulista, Danilo cresceu assistindo ao programa ‘Jô Soares Onze e Meia’, exibido de 1988 a 1999 pelo SBT. Foi quando ele sonhou que um dia seria apresentador de talk-show na emissora de Silvio Santos. “Jô era uma referência. Na época, não existia internet nem TV a cabo, parecia que ele tinha inventado o formato”, conta ele, que começou como repórter do ‘CQC’ em 2008.

Hoje, Danilo torce para que o ‘patrão’ aceite seu convite e queira se sentar em seu sofá. “Não sei se vou conseguir levá-lo ao programa. Se o Silvio quiser, se eu tiver a sorte de ele querer, ele vem.” Após entrevistar a jornalista Rachel Sheherazade, âncora do telejornal ‘SBT Brasil’, que fez um polêmico comentário sobre um jovem preso ao poste por justiceiros no Rio, Danilo planeja chamar outras estrelas da casa. “Sonho com todo e qualquer entrevistado que queira se divertir e entrar na nossa onda. Essas sempre são as melhores entrevistas, seja com anônimo ou famoso”, argumenta.

Sem papas na língua, ele não tem medo de falar o que pensa. “Já disse muita bobagem, deu muito problema e cheguei até aqui. Vamos ver até quando dura”, brinca. O humorista só não tem paciência com quem ainda torce o nariz para uma piada: “Sempre me perguntam qual o limite do humor. Mas o mau humor parece ter um limite gigantesco, porque você faz uma piadinha e a pessoa pode ficar com raivinha.”

Enquanto a carreira vai de vento em popa, a vida afetiva está com freio de mão puxado. Em novembro do ano passado, Danilo terminou o romance de sete meses com a jornalista Priscila Gomes. Desde a ida para o SBT, ele diz que sua vida social se resume ao encontro com os amigos do programa.

Questionado sobre namoro, casamento e filhos, ele desvia o assunto e faz graça: “Não, isso aí é um convite? É uma indireta, né? Depois a gente conversa.”

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