Onze meses depois de ganhar o filho no dia da prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) em Sidrolândia, a 70 km de Campo Grande, Pâmela de Oliveira Lescano, 18 anos, pensa em concluir o curso de administração. Ela começou a graduação em uma instituição de ensino particular na cidade, no início de 2013, por meio do Programa Universidade Para Todos (Prouni), com a pontuação que obteve no Enem em 2012.
O caso de Pâmela virou exemplo para o Ministério da Educação (MEC). A pasta do governo federal monitora, para a edição 2013, 712 gestantes que podem dar à luz entre os dias 20 e 31 de outubro. Deste número, 31 são de Mato Grosso do Sul. Para este ano, 7.173.574 candidatos estão inscritos no exame.
Pâmela concilia estudo com afazeres da casa. (Foto: Fabiano Arruda/G1 MS)
O nascimento do pequeno Everton está diretamente ligado com o atual projeto, conta a jovem. “Pensar em faculdade eu sempre pensei, só que, depois que ele [Everton] entrou na minha vida, foi um incentivo. Tenho um filho e é uma responsabilidade. Agora, tenho que me formar e dar um futuro para ele”, afirma. O parto do menino ocorreu no banheiro de uma escola pública no município.
Segundo a estudante, cursar administração, até agora, tem sido um desafio. Ela conta que cuida do menino durante o dia e concilia os estudos com os afazeres da casa. À noite, o marido, que tem 17 anos e trabalha durante o dia como servente de pedreiro, vai com ela até a faculdade e fica com o bebê no período de aula. “Ele só leva para mim quando o Everton quer mamar ou está manhoso”, diz ela sobre a amamentação do filho.
“Ele é chorão, às vezes, mas não dá pra ficar longe. É a fase mais feliz da minha vida. Dá trabalho, mas vale a pena. É a sensação mais gostosa do mundo. Ter filho é uma benção”, declara.
faculdade 'na raça'. (Foto: Fabiano Arruda/G1 MS)
Pâmela diz que está à procura de um emprego e quer fazer um curso de auxiliar administrativo. Essas metas ainda não foram realizadas porque a jovem não conseguiu uma creche para deixar o bebê.
A mãe, Leide Oliveira, 46 anos, propôs ficar com o neto durante a semana toda, já que mora em um assentamento que fica a cerca de uma hora de Sidrolândia. A ideia foi rejeitada. “Ela está fazendo [faculdade] na raça. É difícil, mas ela está correndo atrás. Tem que pensar no futuro do filho”, disse Leide.
Conseguir o primeiro trabalho, para Pâmela, representa melhor na condição da família, já que o salário do marido dá para pagar o aluguel e as despesas básicas da casa.
Sonho
A estudante conta que tenta pensar no curso “por passos” e superar as dificuldades de cada matéria, no entanto, a cabeça, segundo ela, mesmo que despretensiosamente, não abriu mão de um sonho.
“Quero terminar administração para criar condições de um dia fazer medicina veterinária, meu grande sonho. Minha paixão é animal de pasto: carneiro, cavalo, boi, vaca. Ainda sou jovem e posso fazer faculdade até os 40”, conta.
Em meio aos projetos e à faculdade, Pâmela diz não abrir mão de comemorar o primeiro ano de vida do pequeno Everton no dia 4 de novembro. “Quero fazer uma festinha reservada no sítio da minha mãe. Espero que meu filho seja estudioso. Ele nasceu em uma escola e vai comigo para a faculdade, mas se ele não quiser, sendo trabalhador e honesto está de bom tamanho”.
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