Por supostamente obrigar trabalhadores a cumprir jornada exaustiva e por não dar condições humanas de desempenhar as funções, a Agrisul Agrícola Ltda e a Companhia Brasileira de Açúcar e Álcool (CBAA), do grupo JPessoa, localizadas em Brasilândia, poderão ser obrigadas a cumprir acordo coletivo e desembolsar R$ 50 milhões a titulo de indenização.
O pedido partiu do MPT (Ministério Público do Trabalho), que, desde outubro de 2011, investiga denúncias de condições de trabalho precárias e constantes desrespeitos dos direitos trabalhistas.
Por mais de uma ocasião, o órgão foi às usinas e constatou graves irregularidades, como alojamentos sem condições de habitabilidade, discriminação de trabalhadores indígenas, ausência de auxílio e assistência médica a doentes ou acidentados, além da omissão do pagamento dos empregados.
Na última inspeção, realizada em setembro de 2013, o MPT verificou as mesmas e novas irregularidades. Na ocasião, trabalhadores foram flagrados sem calçados e roupas para atuar. Também se verificou a falta de kits de primeiros-socorros, instalações elétricas precárias e jornada de trabalho prolongada, exaustiva e extenuante.
Reincidência - As empresa já foram condenadas pelo judiciário e obrigadas extrajudicialmente a criar condições básicas de higiene e segurança aos trabalhadores. Por causa da reincidência em lesar os direitos e descumprir os acordos, o MPT pede concessão de liminar para cessação imediata das atividades rurais ou a interdição por tempo indeterminado até que sejam cumpridas as obrigações.
Para assegurar o pagamento aos trabalhadores, o MPT requer que as todas as usinas processadoras de cana-de-açúcar, pertencentes ao mesmo grupo, depositem judicialmente os valores devidos pela safra.
O Ministério Público do Trabalho pretende que a empresa seja condenada ao pagamento de indenização por dano moral coletivo não inferior a R$ 50 milhões e ao cumprimento de todos os acordos relacionados aos direitos trabalhistas, com imposição de multa diária no caso de não seguir as determinações.
Histórico - Em Mato Grosso do Sul, o Grupo JPessoa mantinha duas unidades sucroenergéticas, em Brasilândia, e no distrito de Quebra Coco, em Sidrolândia, que encerrou atividades no ano passado. As empresas somam condenações trabalhistas por práticas como submissão de trabalhadores a condições análogas a de escravo e aliciamento de adolescentes indígenas.
A Usina de Brasilândia precisou pagar R$ 5 milhões por causa do resgate de 1.011 trabalhadores em 2007, dentre os quais, 820 indígenas, alvos de práticas discriminatórias. A CBAA Sidrolândia obteve condenação, do mesmo valor, por aliciar adolescentes para o corte de cana. As duas ações aguardam julgamento do Tribunal Superior do Trabalho (TST).
Participe do nosso canal no WhatsApp
Clique no botão abaixo para se juntar ao nosso novo canal do WhatsApp e ficar por dentro das últimas notícias.
Participar