Excesso de chuva e as geadas fizeram o setor da cana-de-açúcar amargar queda de 10% na safra deste ano em comparação a 2012. Conforme estimativa divulgada nesta segunda-feira pela Biosul (Associação dos Produtores de Bioenergia de Mato Grosso do Sul), o maior impacto é na produção de açúcar.
A primeira estimativa apontava para produção de R$ 2,1 milhões de toneladas do produto. O segundo levantamento rebaixou a produção para 1,7 milhão de tonelada. O total é pouco abaixo do que o registrado na safra 2012/2013, quando foram 1,741 milhão de tonelada.
Conforme o presidente da Biosul, Roberto Hollanda Filho, as condições climáticas deste ano devem afetar as próximas safras do Estado. “São duas, três safras para se recuperar”, explica. É o pior resultado desde 2009.
Inicialmente, a previsão era de que a produção de cana-de-açúcar crescesse 18,23%, passando das 37,3 milhões de toneladas para 44,1 milhões. No entanto, a nova previsão é colher 40,3 milhões de toneladas. Desta forma, a estimativa de crescimento caiu para 8,04%.
Além da quantidade, a qualidade da cana também foi afetada, com redução da sacarose. A queda de ATR (Acúcar Toral Recuperável) foi de 7%. “Em peso, foram quatro milhões de toneladas de cana. O ATR equivale a outros 3,5 milhões de toneladas”, salienta.
Em valores, as perdas representam R$ 600 milhões. Considerada as mais intensas desde 1975, as geadas de 23 e 24 de julho e, também, 15 de agosto afetaram 100 mil hectares, implicando na perda de peso, sacarose e mudas.
Para os produtores, o ano foi de frustração. “A safra passada teve um abril horroroso. Esse ano estava tudo pronto para antecipar o início do plantio de abril apara março. Mas a chuva veio forte em março e impossibilitou”, relata o presidente da Biosul. Com a geada, a colheita teve que ser antecipada na região Conesul, que responde por 84% da produção de cana de açúcar no Estado.
Um dos efeitos já certo é o atraso no plantio da próxima safra. “Em vez de começar a safra em março, abril. Deve começar em maio”, explica Roberto Hollanda, sobre a entressafra maior. Além de Mato Grosso do Sul, o Paraná também foi castigado pelas geadas.
Os preços – A redução da produção do açúcar e da safra como um todo não deve resultar em aumento de preços do produto nas gôndolas de supermercados nem ser culpado pelo reajuste do etanol.
A formação do preço do açúcar sofre reflexos do mercado internacional. Já a alta do etanol, segundo o presidente da Biosul, reflete a falta de estímulo para o produtor de etanol. Ou seja, o governo federal “segura” o preço da gasolina, mas não tem política similar para o álcool. No Estado, são 22 usinas em operação.
No gráfico, linha laranja mostra queda da colheita em junho por causa da chuva e pico em agosto, quando se correu ao campo para "salvar" cana da geada. Linha em azul mostra produção na última safra.
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