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CARNE CARA

Estratégia de frigoríficos expõe guerra na cadeia produtiva e carne cara

Mesmo com arroba em retração, os preços dos cortes bovinos vendidos aos consumidores se mantêm estáveis

15 Ago 2022 - 09h36Por Correio do Estado

Queda no preço da arroba paga ao produtor não se reverte em preços finais menores para o consumidor em Mato Grosso do Sul. Frigoríficos fecham em férias coletivas e justificam queda no consumo de carne. No entanto, analistas de mercado acreditam em estratégia para manter os preços da arroba em queda para o produtor e em alta para o consumidor.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística(IBGE), o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) das carnes tem alta acumulada neste ano de 1,61%, medida em julho. Mesmo com a queda do preço da arroba na entressafra do boi, o preço no mercado segue em alta.

A arroba do boi gordo despencou na última semana. Na segunda-feira (8), o preço fechou negociado a R$ 282,91, em média, em Mato Grosso do Sul. Em menos de cinco dias, ao preço recuou R$ 7,91, fechando na sexta-feira (12) a R$ 275, retração de 2,79%.

No mesmo período do ano passado, o preço pago pela arroba do boi gordo estava acima de R$ 300 no mercado físico de MS.  

A retração está relacionada a alguns fatores apontados por especialistas consultados pelo Correio do Estado: a baixa no mercado consumidor brasileiro de carne, o aviso de férias coletivas de algumas plantas da JBS, em Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Pará, e pequena retração de exportações na primeira semana de agosto.  

Segundo informações do jornal Valor Econômico, a gigante JBS fechou em regime de férias coletivas, por cerca de 20 dias, a planta de Nova Andradina, em Mato Grosso do Sul, as plantas de Pontes e Lacerda, Alta Floresta e Colíder, em Mato Grosso, e as plantas de Redenção e Tucumã, no Pará.

Conforme a assessoria de imprensa da JBS, a maior produtora de carne bovina do mundo, a empresa não se manifestará sobre o assunto.  

Com a paralisação, as escalas de abate se estenderam por mais dois dias em Mato Grosso do Sul, saindo de 10 dias para 12 dias na última semana.  

CONSUMO

O presidente do Sindicato Rural de Campo Grande, Corguinho e Rochedo (SRCG), Alessandro Coelho, diz que o baixo consumo de carnes no mercado interno tem contribuído para as decisões e que, mesmo com o arrefecimento da demanda interna de carnes no Brasil, esse ainda é o principal destino do boi abatido em MS.  

“O mercado interno hoje está fraco. Mesmo com a queda, ele ainda é a grande parcela consumidora de carne. Só que, de uns tempos para cá, os frigoríficos não conseguem competitividade, porque tem grandes indústrias que tomaram boa parte das plantas e dominaram o mercado”, explica.  

Segundo ele, as empresas têm margem de lucro e precisam dar lucro aos acionistas. “Para elas, se for necessário fechar determinada planta, fecham sem problemas e acaba sendo mais vantajoso”.  

Levantamento do Correio do Estado em supermercados e casas de carnes de Campo Grande aponta que os preços, apesar de terem caído na ponta produtora, não diminuíram nos açougues.  

A pesquisa levou em conta quatro estabelecimentos e notou variação de até 60,12% no preço do filé-mignon e de 26,37% no preço da picanha. Os preços mais caros encontrados foram de R$ 79,98 para o filé-mignon e de R$ 74,50 para a picanha. Os mais baixos foram de R$ 58,90 e de R$ 55,90 para os cortes, respectivamente.  

Já o valor mais baixo para o contrafilé é de R$ 35,90, o da alcatra, R$ 34,75, e o do lagarto, R$ 29,90. Na ponta contrária, os preços mais altos são de R$ 55,98, R$ 47,90 e R$ 42,98 para cada corte, respectivamente.  

REGULADORES

Conforme Alessandro Coelho, a escala de abate das plantas é muito maior do que o que os produtores podem fornecer. 

“Então, os frigoríficos acabam fechando porque têm condição para isso. Eles pagam um pouquinho a mais de frete e vão buscar mais longe. Assim, conseguem alongar a escala de abate e regular o preço”, explica.  

Gerente de vendas da Casa de Carnes Excelência, Gabriela Brito Farias diz que os preços se mantiveram nos últimos meses, mas, ao contrário do cenário nacional, a demanda não caiu. “Ainda temos um ano melhor em demanda em comparação com 2021”, comenta.  

Segundo Felipe Fabbri, da Scot Consultoria, o Dia dos Pais pode auxiliar no escoamento no curto prazo, mas não tem força suficiente para enxugar os estoques alegados pela indústria bovina.  

Ele ainda comenta que o cenário exportador está um pouco mais negativo em agosto.

“Até o momento, temos 4,6% de recuo em comparação com agosto de 2021. Como câmbio pressionado para baixo, olhando para o restante do mês, o cenário é baixista para o boi gordo. O que ditou a intensidade dessa queda foi a questão do consumo doméstico. Desde julho, as exportações estavam bem aceleradas”, pondera.

Conforme dados da Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo), a exportação de carnes de Mato Grosso do Sul, de janeiro a julho deste ano, superou o mesmo período de 2021 em 18,57% na quantidade exportada, saltando de 111.225 toneladas para 131.883 toneladas.

Já os recebidos pela indústria no período totalizaram US$ 496.656.600 em 2021 contra US$ 694.344.430 neste ano – 39,80% de variação. 

 

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