O arquiteto Jorge Wilheim morreu na madrugada desta sexta-feira (14) em São Paulo. Segundo a assessoria do arquiteto, ele estava internado desde dezembro do ano passado após se envolver em um acidente de carro. Com 85 anos, Wilheim dedicou 60 anos à arquitetura e ao urbanismo da cidade sendo responsável por projetos em cartões-postais da cidade, como na reurbanização do Vale do Anhangabaú e do Pateo do Collegio.
O corpo do arquiteto foi velado no Hospital Albert Einstein, no Morumbi. Ele foi enterrado às 14h45 no Cemitério Israelita, no Butantã. Wilheim era casado, deixa dois filhos e netos.
A ministra da Cultura, Marta Suplicy, divulgou uma nota oficial em que cita seus laços pessoais com o urbanista. O texto da nota diz: "Faleceu Jorge Wilheim, grande homem público e idealizador de uma São Paulo melhor. Amigo pessoal. Obrigada, por tudo!".
Cerca de duas horas mais tarde, Marta divulgou outra nota, em tom mais sóbrio.
A Fundação Seade, criada por Wilheim quando ele foi secretário estadual de Economia e Planejamento entre 1975 e 1979, também lamentou a morte do arquiteto. "O Estado de São Paulo perde hoje um grande homem e a Fundação Seade um amigo. O urbanista e arquiteto Jorge Wilheim, que participou da criação desta instituição. Aos amigos e familiares, solidarizo-me neste momento de dor", informou a nota assinada por Maria Helena Guimarães de Castro, diretora executiva.
Wilheim nasceu em 1928, na cidade italiana de Trieste e aos 12 anos mudou-se com a família para o Brasil.
Em um de seus trabalhos mais recentes, seu escritório de arquitetura foi responsável em prestar consultoria ao Ministério dos Esportes para o projeto urbanístico dos Jogos Olímpicos de 2016.
Da sua prancheta também saíram os projetos de muitas das referências arquitetônicas e urbanas que conhecemos, tais como: a sede do Clube Hebraica (1961), o TAIB - Teatro de Arte Israelita-Brasileiro (1961), o Serviço Social das Indústrias (Sesi) - Vila Leopoldina (1974), a sede da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (1975), o centro de diagnósticos do Hospital Albert Einstein (1978/85), o prédio do Jockey Clube São Paulo (1º lugar em concurso público, 1959), a Galeria Ouro Fino, o Shopping Center 3 (1961), diversas escolas profissionais para o Senac, e muitos outros.
Wilheim também sempre teve distinta atuação profissional, ocupando diversos cargos e funções no Instituto dos Arquitetos do Brasil. Por trabalhos profissionais, recebeu os prêmios "Tarsila do Amaral" (1956), "Governador do Estado" (1964), "IAB de Urbanismo" (1965 e 67), "IAB para Ensaio" (1965 e 67), "Pensador de Cidades Luiz Antonio Pompéia" (2010) e a Ordem do Mérito de Brasília (1985).
Patricia Stavis - 19.mar.2013/Folhapress | ||
Wilheim morreu após acidente; arquiteto é responsável por projetos em cartões-postais de SP |
FORMAÇÃO
Ainda na década de 1950, recém-formado arquiteto pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, enfrentou o desafio de projetar uma nova cidade para 15 mil pessoas no Mato Grosso, com a finalidade de desenvolver a região.
Expressivo formulador do chamado "planejamento estratégico" no Brasil, conceito criado pelos teóricos Manuel Castells e Jordi Borja, uma de suas contribuições pioneiras foi a criação dos Planos Diretores. Profundo conhecedor de muitas cidades e habituado a liderar equipes multidisciplinares, foi responsável por mais de 20 planos urbanísticos, destacando-se os de Curitiba, Goiânia, Natal, São Paulo, Campinas e São José dos Campos entre dezenas de outras cidades.
Wilheim também atuou no campo político sendo secretário de Economia e Planejamento do Estado de São Paulo (1975-79); e duas vezes Secretário de Planejamento da capital (gestão Mário Covas e Marta Suplicy).
Suas principais marcas no governo estadual foram a criação do Procon, da Fundação Seade, da EMTU, e do "Passe do Trabalhador", hoje conhecido como vale-transporte. Foi também presidente da Emplasa, Empresa Metropolitana de Planejamento da Grande São Paulo, onde elaborou o primeiro Plano Metropolitano da macrometrópole paulista. Como Secretário de Planejamento do Município de São Paulo, criou o pioneiro passe do idoso.
Articulista frequente dos principais jornais e revistas do país, Wilheim é autor de dez livros sobre vida urbana, publicados por diferentes editoras de São Paulo, Buenos Aires e Londres. Sua obra mais recente é "São Paulo: uma interpretação" (Editora Senac), premiada pela Academia Paulista de História na categoria Melhor Livro Publicado em 2011 sobre São Paulo.
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