O Seminário Nacional de Milho Safrinha, que está sendo realizado em Dourados, MS, no auditório da UFGD, de 26 a 28 de novembro, é o principal fórum técnico-científico sobre a cultura realizado no Brasil e tem contribuído para o avanço na fronteira do conhecimento, além de proporcionar a oportunidade de diálogos e divulgação de resultados, novos estudos, tecnologias e conhecimento.
Durante o evento, os participantes tiveram a oportunidade de assistir a palestra intitulada "Milho transgênico e manejo de plantas daninhas", proferida pelo pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo, Décio Karam, na manhã de quinta-feira, 28 de novembro. Confira mais detalhes nessa entrevista.
Embrapa Agropecuária Oeste - Quais são as vantagens do cultivo de milho safrinha transgênico?
Décio – Existem três variedades transgênicas: as resistentes aos insetos, aquelas que são tolerantes aos herbicidas e as cultivares que apresentam as duas características. Nossa ênfase, nessa palestra, serão para as variedades com tolerância aos herbicidas, que estão relacionados ao manejo de plantas daninhas. Para o manejo de plantas daninhas a cultivar transgênica é mais uma tecnologia que favorece seu controle, apresentando uma maior seletividade da cultura.
Embrapa Agropecuária Oeste - Quais são as principais plantas daninhas presentes nas lavouras de milho transgênico e nas lavouras de milho não transgênicos?
Décio - Não há diferença de plantas daninhas em lavouras transgênicas ou não. O que vai diferenciar é se utilizamos um controle químico e a forma de aplicação do mesmo. Essa ação poderá contribuir com a seleção de espécies resistentes (que um dia o produto controlou e já não controla mais) ou mesmo tolerantes (que o produto já apresenta uma deficiência de controle). No caso do uso contínuo de cultivares de milho tolerantes ao glifosato, plantados após a soja transgênica tolerantes ao mesmo herbicida, poderemos estar favorecendo a seleção de espécies como a buva e o capim amargoso. Convém destacar, que essas duas espécies já estão infestando muitas áreas de produção no Sul e Sudeste do Brasil, além de estarem sendo identificadas nas outras regiões produtoras de soja.
Embrapa Agropecuária Oeste - Porque os agricultores estão plantando tanto milho transgênico, hoje? Sendo que 76% do milho cultivado no país, é transgênico? No caso do safrinha, esse percentual chega a 90%?
Devido a facilidade de acreditar que o manejo é mais fácil, mais seguro e com custo de produção mais barato. Isso tudo nem sempre é verdade. A agricultura é um sistema biológico e dessa forma não é uma ciência exata. Outro problema é a falta de opção de compra de cultivares convencionais disponíveis para venda no mercado.
Embrapa Agropecuária Oeste - Quais as maiores dificuldades para controle de plantas daninhas no milho transgênico?
Décio - As dificuldades de controle e de plantas daninhas em lavouras transgênicas são as espécies tolerantes ou de difícil controle. Nas cultivares tolerantes ao glifosato, plantas daninhas como: corda de viola, trapoeraba, losna branca, poaia, entre outras, poderão apresentar problemas. O uso continuo de herbicidas com o mesmo modo de ação podem também selecionar plantas resistentes, o que pode inviabilizar o uso da tecnologia. Outros aspectos estão relacionados a forma de aplicação do herbicida, principalmente no safrinha, em função das altas temperaturas e baixa umidade relativa do ar, que prejudicam a absorção e translocação (funcionamento) do herbicida. A aplicação do herbicida deverá ser realizada, de preferência, nas horas mais frescas do dia com maior umidade relativa do ar, ou seja, pela manhã ou no final da tarde.
Embrapa Agropecuária Oeste - Quais as principais estratégias de controle de plantas daninhas nas lavouras de milho?
Décio - Temos vários métodos de controle que devemos utilizar de forma integrada. O mais utilizado é o controle químico que estimamos estar sendo utilizado em mais de 80% das áreas de milho safrinha. Mas, não podemos esquecer a prevenção da entrada de plantas daninhas e o método cultural que tem a função de dar condições para a cultura competir com mais de eficiência com as plantas daninhas. Neste caso, deve-se observar alguns cuidados como o uso de cultivares adaptados a região, densidade de plantio, espaçamento, dentre outros aspectos.
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