Uma fazenda na região de Sidrolândia, a 64 km de Campo Grande, foi ocupada por índios da etnia terena durante a noite de quarta-feira (27), invasão que a Fundação Nacional do Índio (Funai) atribui a um mal entendido. Parte da sede no local foi queimada. Indígenas negam responsabilidade na depredação.
Segundo a Funai, a propriedade em questão não está ocupada pelos terena. A área está envolvida em uma briga particular por heranças e, na quarta, policiais à paisana foram ao local cumprir uma reintegração de posse.
No entanto, ainda conforme a Funai, os agentes passaram por uma propriedade vizinha que está ocupada pelos índios e flagraram um dos integrantes da tribo com porte ilegal de arma. Ele foi preso. Os parentes dele, vendo a situação, pensaram que seguranças o haviam sequestrado e resolveram invadir a fazenda.
A fundação explica que um representante do órgão foi até o local e montou uma comissão para denunciar o caso na delegacia. Quando o grupo chegou à unidade, encontrou o terena detido. Desfeito o mal entendido, os indígenas deixaram a propriedade.
Lideranças afirmam ao G1 que não foram os terena que destruíram o imóvel e que ele só foi ocupado até o momento em que os fatos foram esclarecidos. A Polícia Civil está investigando o caso.
Veja, na íntegra, o posicionamento da Funai
O caso foi consequência de um mal-entendido.
A Terra Indígena Buriti é uma área judicializada com 31 fazendas em seu interior.
Algumas dessas fazendas dentro da terra indígena estão ocupadas por índios, outras, por fazendeiros.
Há um acordo entre fazendeiros e índios de que o mapa de ocupação atual deve ser mantido, ou seja, nem os fazendeiros invadem as áreas atualmente ocupadas pelos índios, nem o contrário. O acordo vem sendo cumprido por ambas as partes.
Na quarta-feira pela manhã, policiais à paisana e um oficial de justiça estiveram na fazenda Água Clara para cumprir uma decisão judicial de uma disputa entre herdeiros não índios pela fazenda. O assunto não envolvia os índios.
Os policiais também constataram que, na fazenda Cambará, também dentro da terra indígena, ocupada pelos índios a mais de um ano, que fica bem ao lado da fazenda Água Clara, havia um índio armado. Eles foram até o local e prenderam o índio por porte de arma.
Outros índios, ao verem brancos armados levarem seu parente, pensaram que se tratava de jagunços a mando de fazendeiros.
Com o objetivo de salvar o índio levado pelos brancos, os índios reuniram parentes de aldeias próximas e invadiram a fazenda Água Clara na quarta-feira à noite. A Funai, ao ser informada pelos índios sobre os acontecimentos, enviou um representante, que chegou ao local na manhã de quinta-feira.
Imediatamente, o representante da Funai levou algumas lideranças indígenas até a delegacia para comunicar o suposto sequestro e deparou-se com o índio preso. Os fatos foram esclarecidos, o representante da Funai voltou à fazenda Água Clara e explicou a situação aos índios, que desocuparam a fazenda.
No momento, o representante da Funai acompanha indígenas que prestam depoimento em apuração policial sobre possíveis danos ao patrimônio.
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