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Brasil

Vacina de DNA combate vírus de câncer

27 Set 2004 - 09h41
Uma equipe de pesquisadores da Universidade de São Paulo está desenvolvendo uma vacina de DNA para combater o tipo mais letal do HPV (papilomavírus humano), o 16, principal causador do câncer de colo de útero. Testes preliminares do produto mostram que a imunização impediu que todos os camundongos testados fossem infectados, e eliminou tumores em 40% dos casos.

"Queremos atingir uma eficiência de 100%", afirma o líder do projeto, Luís Carlos de Souza Ferreira, do Departamento de Microbiologia da universidade.

O câncer de colo de útero é o segundo tipo que mais mata mulheres no mundo (o primeiro é o de mama). São 288 mil mortes por ano, cerca de 8.000 no Brasil. Quase 80% dos casos são diagnosticados em países pobres.
Entre as mais de 30 cepas do vírus conhecidas pelos cientistas, o HPV16 é a mais perigosa --e, portanto, o alvo de diversas iniciativas profiláticas e terapêuticas de instituições públicas e privadas em todo o mundo.

Ação e reação

O que Ferreira busca é estimular uma célula de defesa do corpo, para que ela aprenda a identificar proteínas que sinalizem a presença do vírus e possa, assim, destruir as células doentes.

Para isso, ele inseriu em um plasmídeo (um anel de DNA) dois genes do vírus, o E6 e o E7, além de um gene que expressa uma proteína do vírus do herpes genital, a fim de facilitar a expressão das informações genéticas.

Esses dois genes são os responsáveis por alterar o ciclo de crescimento celular na epiderme. As proteínas geradas por eles impedem a ação de outras duas, a P53 e a PRb, que controlam o ritmo de multiplicação de novas células. Assim, quando o vírus infecta as células da base da epiderme, ele garante uma replicação irregular, além de prolongar a vida das versões mutantes. Em algumas mulheres, tal processo induz o surgimento de tumores.

O plasmídeo foi injetado nos camundongos e as proteínas E6 e E7 foram "ligadas" nas células musculares do animal, ativando o sistema imunológico de forma suficiente para que um certo linfócito, o TCD8+, aprenda que a presença delas significa perigo para o corpo. A partir daí, o defensor começa a atacar as células que estão infectadas, inclusive as tumorais.

"Nesse ponto, nossa vacina se diferencia da maioria das vacinas terapêuticas, pois não há produção de anticorpos", diz Ferreira.

"Vacinas genéticas ativariam uma resposta citotóxica da paciente", quando tal reação não acontece de naturalmente. Cerca de 10% das mulheres não apresentam reação imunológica ao HPV.

Justamente por isso, ele acredita que produtos como o desenvolvido em seu laboratório terão sua importância reconhecida em alguns anos, com o advento de procedimentos diagnósticos para predisposição genética.

"Com o avanço da genômica, poderemos fazer um teste e perceber a deficiência da paciente em apresentar uma resposta adequada do sistema imunológico para combater o vírus. Essa pessoa é candidata a receber uma vacina que estimule a resposta citotóxica em caso de infecção", afirmou.

Primeiros passos

Pelo menos 50 camundongos já receberam de uma a quatro doses da vacina, ministrada por injeções intramusculares. O melhor resultado obtido até o momento --sucesso em 40% dos casos de câncer induzidos pelos cientistas e proteção total a partir da primeira dose-- apenas coloca a equipe em um caminho aparentemente correto. Ela experimenta atualmente novas configurações dos genes no plasmídeo, com o objetivo de fazer regredir o câncer em todos os animais imunizados.

"Pessoalmente, acho que o uso de uma vacina de DNA contra o HPV16, como a que desenvolvemos, é bastante restrito. Então, vejo o processo como uma forma de adquirir conhecimento e desenvolver tecnologias no Brasil."

Mesmo assim, os cientistas ainda tentam estimular uma reação imunológica à proteína do herpes. Caso consigam, eles terão um produto, ainda que incipiente, capaz de combater dois dos vírus transmitidos por relações sexuais.

O herpes genital é uma das doenças oportunistas observadas com freqüência em soropositivos. Além disso, as úlceras que provoca aumenta chance de transmissão e infecção pelo HIV, vírus causador da Aids.
 
Folha Online

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