Dos R$ 157 milhões de doações a serem arrecadados, o comando da campanha de Dilma Rousseff prevê gastar até R$ 31,4 milhões com os programas de televisão e rádio da candidata, considerados vitais para colar sua imagem à do presidente Lula.
O valor equivale a 20% do orçamento da coligação de Dilma e inclui desde o pagamento do publicitário João Santana até gastos de apoio a essa área, como aluguel de equipamentos e de aeronaves para imagens aéreas.
O gasto vai superar o de 2006, na reeleição de Lula, quando as despesas com rádio e TV consumiram cerca de 15% do orçamento -aproximadamente R$ 24 milhões.
Apenas para João Santana foram pagos R$ 13,7 milhões (R$ 16,5 milhões em valores de hoje). O valor do contrato atual não foi informado.
A candidata já faz gravações para esses programas, que começam a ser veiculadas em 17 de agosto.
ESSENCIAIS
Santana mantém sigilo sobre o formato das peças, cuja linha será associar Dilma à alta popularidade de Lula e de seu governo. Para isso, ele será personagem principal de alguns programas, que vão mostrar a petista visitando projetos do governo.
Ontem, Dilma afirmou apostar nas propagandas na TV para conquistar a liderança nas pesquisas -o último levantamento do Datafolha mostrou que ela e o tucano José Serra estão tecnicamente empatados, com 36% e 37%, respectivamente.
Na opinião de um assessor da campanha, os R$ 31,4 milhões podem parecer um orçamento elevado, mas se justificam pois os programas de TV definem uma eleição.
Além disso, afirma o mesmo assessor, não existe espaço para pagamentos de caixa dois na campanha, uma referência ao episódio envolvendo o publicitário Duda Mendonça na campanha de 2002.
Em depoimento à CPI dos Correios, o publicitário disse ter recebido cerca de R$ 10 milhões de caixa dois numa conta no exterior como pagamento pela campanha que elegeu Lula presidente.
PLANILHA DE GASTOS
No planejamento de gastos da campanha de Dilma, o maior gasto (35%, ou R$ 55 milhões) será com gráfica e divulgação, como a confecção de pequenos outdoors.
As despesas do comitê central, de logística e transporte aéreo, vão abocanhar 20% do orçado. Contratos de terceiros, pesquisas, advogados e redes sociais vão gastar 15%, e eventos, comícios e apoio a comitês regionais terão 10% da verba.
Para receber as doações, a campanha abriu quatro contas, em nome do Comitê Financeiro Nacional, de Dilma Rousseff, do vice Michel Temer e de PT/eleições -contribuições para governadores, senadores e deputados.
Na conta de Temer, a expectativa é que entrem R$ 30 milhões dos R$ 157 milhões previstos no planejamento. Ele próprio atuará na captação de recursos.
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