- Sempre dizemos que, para nós, não teria nenhum embaraço, pelo contrário. Seria honroso (tê-lo no PMDB). Mas ele, evidentemente, tem as dificuldades dele - disse o deputado Michel Temer (PMDB-SP), que ontem jantou com Aécio.
No jantar, foi aventada - como "brincadeira", afirma Temer - a possibilidade de as eleições de 2010 marcarem a história inconclusa da relação do PMDB com a família Neves. Em 1985, a morte de Tancredo impediu que o primeiro civil tomasse posse na presidência da República, pelo PMDB, depois de 21 anos de ditadura militar. Mas o neto Aécio poderia dar um final ao caso.
- Ah, sim, até falamos sobre isso. Brincamos sobre isso. Mas nada especial.
Tudo ainda é tratado com muita delicadeza nos bastidores brasilienses. Temer diz que o encontro foi apenas cordial, "de amigos":
- Eu não tive nem a indelicadeza de convidá-lo (para o PMDB). Eu sei como é que é, ele está muito vinculado ao PSDB, fica uma situação delicada.
Há especulações sobre a eventual saída de Aécio do PSDB por causa da força de José Serra - outro presidenciável - na legenda. E o PMDB já deixou claro, repetidas vezes, que pretende ter candidato próprio em 2010.
Desde o fim das eleições majoritárias no ano passado, o PSDB vem passando por um descompasso entre os dirigentes e um grupo que defende oposição mais rídiga ao governo Lula. Essa vertente é liderada sobretudo pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Há duas semanas, FHC criticou o PSDB pela "aproximação" com Lula. O governador de Minas respondeu que isso faz parte da política. E acrescentou: "Precisamos superar esta etapa tupiniquim da nossa democracia".
Leia os principais trechos da conversa com o presidente do PMDB, sobre o encontro com o governador Aécio Neves:
Terra Magazine - O que o senhor e o governador trataram no encontro?
Michel Temer - Foi um encontro, digamos, de amigos. Eu estive na segunda-feira lá em Minas Gerais, e ele me disse que viria para Brasília, que poderíamos jantar juntos. Aí fomos jantar juntos. Chamei até o Henrique Alves (líder do PMDB na Câmara, do RN), que é muito amigo dele também. Falamos muito, naturalmente sobre a conjuntura, mas nada de especial.
E vocês chegaram a tratar sobre a disputa de 2010?
É claro que entrou no meio da conversa, mas nenhum objetivo específico.
Entrou em que contexto, então?
Ah, ele é governador, eu sou presidente de partido, o Henrique Alves é líder... então fizemos uma análise toda da conjuntura etc.
O governador manifestou algum interesse em entrar no PMDB?
Ele está muito vinculado (ao PSDB), claro. Nós sempre dizemos que para nós não teria nenhum embaraço, pelo contrário. Seria honroso. Mas ele, evidentemente, tem as dificuldades dele. Quer dizer, eu não tive nem a indelicadeza de convidá-lo. Eu sei como é que é, ele está muito vinculado ao PSDB, fica uma situação delicada.
Mas seria uma boa continuidade da história do avô se o neto assumisse a Presidência...
No PMDB, né? Ah, sim, até falamos sobre isso. Brincamos sobre isso. Mas nada especial.
Terra Redação
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