A operadora de telemarketing Elisete Aparecida Locatelli, de 50 anos, entrou em um hospital de São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, no dia 10 de maio com um problema no menisco do joelho esquerdo. Quando acordou da operação, horas depois, percebeu que o médico havia operado o joelho direito.
O médico Luiz Evandro Maranhão Braga assumiu o erro e disse que se distraiu durante uma conversa com a paciente antes da anestesia. "A paciente foi operar o joelho esquerdo porque tinha uma lesão no menisco. Ela é muito minha amiga e então, antes da anestesia, a gente começou a conversar bastante. Eu perguntei: 'que joelho que é, dona Elisete?' Ela falou para mim, 'o esquerdo', ela não tem culpa. A culpa foi minha, que me distraí e operei o direito", admitiu.
“Minha mãe entrou em desespero", conta a estudante Aletéia Garcia, de 25 anos, filha da paciente. "Ela já não queria fazer a cirurgia, estava morrendo de medo. Quando viu que fizeram no joelho errado, chorou muito e ficou gritando pela enfermeira.”
Elisete recebeu alta do hospital no dia seguinte, sem curar o problema do joelho que doía, o esquerdo. Um outro médico disse à família que não era recomendável fazer mais uma cirurgia, dada a dificuldade de recuperação em dois joelhos operados ao mesmo tempo ou com curto intervalo entre as operações.
Dias depois de deixar o hospital, a paciente começou a sentir dor na perna operada por engano. Ela foi a outro hospital, o Christovão da Gama, em Santo André, onde constatou-se uma trombose. Desde o dia 15 de maio, Elisete está internada em recuperação. De acordo com a família, a previsão é que o tratamento dure oito meses.
Elisete, do quarto do hospital, disse em entrevista ao G1 - por meio da filha, porque estava afônica - que acha desumano o que lhe aconteceu: “Acho uma falta de amor humano e de respeito. O hospital não me deu nem assistente social. Acho que foi desumano. Eu estou muito magoada”.
De acordo com o médico, o joelho operado agora seria, inevitavelmente, submetido a cirurgia: "O joelho operado errado também tinha lesão e está descrito no laudo da cirurgia. Estou tranqülio porque não causei nenhum dano à paciente. O problema maior é que, infelizmente, ela teve uma trombose, que pode ocorrer em qualquer cirurgia ortopédica".
A cirurgia ocorreu no Hospital Ifor Ortopedia e Traumatologia, especializado na área. O diretor do hospital, Carlo Milani, disse que embora não faça parte do corpo clínico do estabelecimento, Maranhão é conhecido e apresenta as credenciais para realizar cirurgias. "É um colega nosso que tem consultório em Santo André e diploma da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia. O hospital toma as providências. Vamos examinar seu prontuário, conversar com ele e com os demais médicos do hospital para ver o que faremos", afirmou Milani.
De acordo com Aletéia, a filha da paciente Elisete, o médico justificou o erro dizendo, de fato, que o joelho direito também estava com problemas e que a enfermeira falhou. “Primeiro ele disse que não percebeu que era no joelho errado e, depois, falou que foi a enfermeira que esqueceu de marcar o joelho (que deveria ser operado)”, contou Aletéia. A moça diz, no entanto, que a mãe nunca sentiu dores no joelho direito, o joelho operado por engano.
G1
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