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Seminarista sul-mato-grossense narra o terremoto no Chile

1 Mar 2010 - 14h14Por Dourados Agora
O sul-mato-grossense Marcelo Freitas Sandoval, nascido em Ponta Porã e seminarista em Santiago do Chile, narra com exclusividade para O PROGRESSO os momentos de pavor e a destruição deixada pelo terremoto de magnitude 8,8 na escala Richter que atingiu o Chile na madrugada de sábado deixou mais de 800 mortos. O terremoto, que castigou a região centro-sul do Chile, está sendo classificado como um dos mais fortes já registrados na história. “Era 3h30 da manhã quando eu meu levantei para ir ao banheiro e senti um pequeno tremor mas não associei com terremoto, mas em seguida constatei que todo alojamento do seminário estava tremendo e pensei que tudo fosse desmoronar”, relata Marcelo, que mora ao lado da Igreja de São Lázaro, uma das mais antigas e belas de Santiago do Chile.
Ele conta que ao concluir que estava no meio de um terremoto, apesar de nunca ter passado por uma experiência desse tipo, correu para fora do quarto que fica no segundo piso do seminário e tentou ajudar os colegas que acordavam assustados com a força do tremor. “Primeiro abrir a porta do quarto e chamei pelo padre Guillermo, que estava debilitado e precisava ser retirado daquele local”, explica Marcelo. “Enquanto saiamos em direção a escada, olhei para o meu lado direito, que é todo de vidro, e vi que caia pedaços da Igreja São Lázaro, foi então que subiu uma cortina de pó e, sinceramente, achei que o edifício fosse cair sobre nós”, relata o pontaporanense.
Marcelo de Freitas Sandoval conta que o tremor foi tão forte que, em meio ao desmoronamento das paredes da Igreja São Lázaro, ele achou que fosse morrer. “Cheguei a pedir perdão à Deus pelos meus pecados, já que o tremor durou um minuto ou mais e, francamente, não acreditava que fosse sair vivo daquele edifício”, conclui. “Foi a pior sensação da minha vida, passei muito medo, mas, aos poucos, a fé em Deus me deu força para socorrer meus colegas seminaristas e os padres que vivem no seminário”, afirma.
Ele relata que quando a terra parou de tremer, todos já estavam no pátio do seminário. “Improvisamos um pequeno acampamento e ficamos esperando o sol nascer, já que o pavor era tanto que ninguém conseguia mais dormir”, conta. “Formamos grupos de seminaristas e passamos a orar, pedindo que Deus confortasse o povo chileno, principalmente as famílias que perderam seus entes queridos no terremoto”.
Como o terremoto provocou mais de 80 réplicas, que são pequenos tremores compassados que seguem o sismo principal, Marcelo Sandoval explica que milhares de chilenos passaram um sábado de pavor. “As pessoas amanheceram nas ruas, andando de um lado para o outro e poucas tinham coragem de voltar para suas casas”, relata. “Quando a noite de sábado chegou, as calçadas e ruas estavam tomadas de famílias que preferiram dormir ao relento com medo de um novo terremoto, portanto é assim que o povo chileno está vivendo nesse momento”, conclui.
O seminarista brasileiro relata ainda que muitas regiões do Chile, como a cidade de Concecpción, uma das mais castigadas pelo sismo, estão isoladas porque as estradas foram destruídas e muitas pontes caíram. “Tenho primos que moram nesta região e não consigo falar com eles porque o sistema de comunicação está interrompido, mas, graças a Deus, consegui falar com meus pais que moram em Ponta Porã e pude tranquiliza-los”, finaliza Marcelo Freitas Sandoval, que é filho de uma professora brasileira com um artesão chileno.
SITUAÇÃO - O Gabinete Nacional de Emergência confirmou na tarde de ontem que o terremoto de sábado já havia deixado mais de 800 mortes e que o número de vítimas deve subir nas próximas horas. Ontem, tiveram início saques a supermercados e farmácia. A prefeita de Concepción, Jacqueline van Rysselberghe, reconheceu que a situação na cidade está saindo do controle por causa do desabastecimento e informou que estão sendo coordenadas medidas para minimizar os problemas.
Por outro lado, a diretora do Escritório Nacional de Emergência, Carmen Fernández, informou ontem que o número de mortos aumentará à medida que as equipes de emergências forem tendo acesso a mais lugares. Ela acrescentou que até a tarde desta segunda-feira se conhecerá a dimensão do terremoto, que o ministro do Interior, Edmundo Pérez Yoma, qualificou como “um cataclismo de dimensões históricas”.
O tremor de sábado abrangeu desde a região de Valparaíso (centro) até a dos Lagos (sul), ao longo de maios de mil quilômetros da geografia chilena. As regiões mais afetadas são as de Maule, onde foi situado o epicentro do tremor, a 300 quilômetros de Santiago e de Bio-Bio, a 500 quilômetros da capital. Entre as vítimas estão cinco habitantes do arquipélago de Juan Fernández, cerca de 600 quilômetros do litoral chileno, onde também foram reportados 11 desaparecidos quando uma enorme onda penetrou no principal povoado desse território insulano.
Santiago do Chile, localizada a cerca de 320 quilômetros do epicentro do sismo, foi atingida duramente. O aeroporto internacional continua fechado. O metrô da capital foi fechado e os transportes ficaram limitados por causa das centenas de ônibus que ficaram presos devido a uma ponte que foi danificada pelo tremor. Um prédio de 15 andares desmoronou e deixou mais de 100 pessoas sob os escombros em Concepción, a maior cidade mais próxima do epicentro do tremor. O terremoto de sábado foi sentido em São Paulo e também nas Províncias argentinas de Mendoza e San Juan. Uma série de abalos subsequentes atingiram a região costeira do Chile.
BRASILEIROS

O embaixador do Brasil no Chile, Mário Vilalva, disse ontem que ainda não descartou totalmente a possibilidade de haver brasileiros entre as vítimas e feridos do terremoto. “O número de vítimas está subindo. Obviamente, não se pode descartar que venha surgir uma vítima entre os 12 mil brasileiros que estão no Chile. Mas, até o momento, isso não aconteceu”, afirmou o embaixador em entrevista por telefone a agência Folha. Segundo o embaixador, a situação dos brasileiros está controlada.

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