Não poderia haver cidade com nome melhor do que Mascate, a capital de Omã, para o Brasil fazer hoje, às 12h30, contra a seleção local, apenas o 79º colocado no ranking da Fifa, o seu último jogo em 2009.
Mesmo com um calendário recheado de competições oficiais nos anos sob o comando de Dunga, como Copa América, eliminatórias e Copa das Confederações, o Brasil novamente será, entre as grandes seleções, a que mais viajou pelo mundo para partidas amistosas, com um leque enorme de motivos de celebração, mas que na verdade são uma grande oportunidade de negócio para contratados e contratantes.
Desde que Dunga assumiu como técnico do time nacional, em agosto de 2006, foram 12 países visitados --alguns, como Estados Unidos, Inglaterra e Suécia, mais de uma vez.
Quem chega mais perto de ter milhagem semelhante entre os grandes é a Argentina, com dez países visitados. Mas os vizinhos sul-americanos ainda fizeram três amistosos em casa, e o Brasil, apenas um.
Outras forças, como a Alemanha, fizeram a maioria de seus jogos-teste dentro de suas próprias fronteiras.
A seleção brasileira é ainda a dona dos roteiros mais longos --já fez excursão aos EUA jogando nos extremos do país (Boston e Seattle)-- e também os mais inusitados --foram três confrontos no Oriente Médio sob o comando de Dunga (Kuwait, Qatar e agora Omã).
O próprio Dunga reconhece que um jogador que tiver uma atuação de gala em jogos contra rivais frágeis nesses amistosos não terá o passaporte carimbado para a Copa. "Vai ajudar se ele marcar três gols contra Omã, mas não será decisivo."
Proveito técnico à parte, o grande roteiro de viagens da seleção em seus amistosos forma uma cadeia lucrativa para todos os seus elos.
A CBF cumpre o contrato que fez ao repassar os direitos de seus amistosos para a Kentaro, uma empresa suíça, que revendeu depois esse contrato para um grupo árabe e agora só cuida da organização.
Patrocinadores da CBF também marcam sua presença. No jogo de anteontem em Doha, contra a Inglaterra, o Itaú mostrou sua marca em um camarote, com direito à presença de um de seus principais executivos. Quem paga cotas milionárias para levar o Brasil a lugares de pouca tradição na bola diz que também vai lucrar.
"Não haverá melhor ocasião para fazer propaganda em Mascate por muito tempo. O jogo contra o Brasil oferece enorme oportunidades de promoções", diz Sayyid Klalid, dirigente da federação de Omã.
A mineradora brasileira Vale foi uma que aproveitou o amistoso em Mascate para ligar sua marca à seleção, procedimento que não adota no Brasil. Ainda vai oferecer ingressos aos funcionários brasileiros, que no entanto terão que vestir camisa com as cores da empresa.
O motivo "oficial" do amistoso de hoje é pela celebração da data nacional de Omã. Mas sob o comando de Dunga o Brasil já jogou pelo centenário do futebol na Estônia e até para celebrar o aniversário dos canais de esportes da rede de TV Al Jazeera, do Qatar.
Antes da convocação para a Copa da África, o Brasil ainda faz um amistoso, em março, provavelmente na Europa.
OMÃ
Al Habsi; M. Rabia, Ayil, Balushi e Madhafar; Bashir, Sulaiman, Al-Maimani e Hadid; H. Rabia e A Hosni.
Técnico: Claude Le Roy
BRASIL
Júlio César; Maicon, Naldo, Thiago Silva e Michel Bastos; Gilberto Silva, Felipe Melo, Daniel Alves e Kaká; Nilmar e Luis Fabiano.
Técnico: Dunga
Local: Sultan Qaboos Sports Complex, em Mascate
Horário: 12h30 (de Brasília)
Juiz: Eric Braamhaar (Holanda)
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