Em fevereiro, alunos do primeiro ano do ensino médio fizeram um teste de história em que uma das questões exibia uma charge do cartunista Jean.
A prova questiona o que a imagem quer dizer. A opção certa, pelo gabarito, é a que fala que a charge sugere a "relação entre movimentos sindicais do início da década de 1980 e o mensalão, refletindo sobre o processo histórico que levou os mesmos personagens de uma luta pela valorização do trabalhador à corrupção política".
A imagem usada pelo governo mineiro, porém, é diferente da versão original. O título é "CPMF", e Lula dá "favores" e "cargos" a políticos. Na prova, o título é "Operação Abafa", e Lula distribui dinheiro.
Jean chamou a mudança de "errada" e disse que sua charge foi tirada de contexto.
O teste é parte de um exame que avalia o nível de conhecimento dos alunos da rede estadual. Os estudantes têm cerca de 15 anos.
Os petistas reclamaram que outra questão aborda pontos positivos das privatizações do governo Fernando Henrique Cardoso.
A Secretaria de Educação lamentou as questões e as chamou de "inadequadas".
Em nota, a oposição mineira reclamou do uso de dinheiro público para "luta partidária" e diz que a prova visa "impor uma versão unilateral, improvável, sobre determinados fatos".
"Eles levaram uma disputa político-partidária para a prova. Se o aluno não tiver a visão do governo do Estado, vai ser mal avaliado", disse o deputado Rogério Correia (PT), líder da oposição na Assembleia de Minas.
O petista acusou o governo de fazer uso ideológico do Estado em favor do PSDB, do governador Anastasia.
Correia disse que vai mandar um requerimento ao governo pedindo satisfações e a averiguação dos responsáveis pela prova.
A presidente do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas, Beatriz Cerqueira, disse que os professores ficaram "indignados" com a prova, que, segundo ela, desqualifica o movimento sindical.
A entidade, filiada à Central Única dos Trabalhadores, é alinhada à oposição.
OUTRO LADO
A Secretaria de Educação de Minas afirmou, por nota, que "lamenta profundamente" a inclusão da charge. Segundo a pasta, "o conteúdo foi abordado de forma absolutamente inadequada".
O governo diz que as questões contradizem o guia de elaboração de provas, que determina evitar "abordagens de pregação religiosa ou ideológica". A secretaria confirmou "falsificação" da charge de Jean e considerou "grave" a manutenção da assinatura do chargista.
A pasta disse que vai apurar a alteração e que o professor que fez a questão disse ter achado o desenho num site.
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