A entidade brasileira é anfitriã do evento e a expectativa é de que os participantes saiam com resoluções que envolvem o papel dos professores na sociedade, as soluções para o financiamento da educação nos países pobres e em desenvolvimento, e a adesão dos educadores a campanhas mundiais como a de combate ao trabalho infantil.
"Achamos que a educação tem uma função de assegurar a cidadania, mas também pode e deve definir um projeto de desenvolvimento harmônico com inclusão social", ressalta Juçara Vieira. A Internacional da Educação reúne atualmente 29 milhões de professores.
Segundo a presidente da CNTE, a intenção de formular diretrizes para um código de ética dos professores será um desafio. Pesquisa recente da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco) revelou que quase 60% dos professores ouvidos declararam ser inadmissível que uma pessoa tenha experiências homossexuais e 21% disseram não desejar ter homossexuais como vizinhos. "Professores devem ter uma postura mais democrática. Não se pode discriminar alguém em função da sua opção sexual", destaca.
A paixão dos alunos pelas professoras também está com seus dias contados. De acordo com Juçara Vieira, o código poderá arbitrar situações polêmicas como o caso de uma professora americana que se envolveu com o aluno de 13 anos e chegou a ficar grávida do menor. "Seria uma forma de o professor ter uma posição de respeito de não criar constrangimentos em relação ao aluno dentro da sala de aula", explica.
A educadora ressalta ainda que o código de ética servirá como instrumento de proteção e não de punição. Mas admite que entre as propostas está a de que os professores infratores percam pontos para as classificações nos planos de carreira, diminuindo chances de promoção e melhores salários: "Não tem caráter punitivo, mas podemos incorporar a possibilidade de controle das carreiras".
1ª vez na América Latina
Pela primeira vez, o 4º Congresso Mundial da Internacional da Educação será realizado na América Latina. O sindicato, considerado o maior do mundo, pretende discutir durante o encontro "as políticas que perpassam a educação no planeta, e que acabam desembocando na qualidade de vida das populações, respeitadas todas as diferenças entre os países desenvolvidos e em desenvolvimento", segundo a presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Juçara Vieira.
Também estarão em discussão, de acordo com Juçara Vieira, problemas e soluções específicos do continente latino-americano, como o direito à representação sindical dos professores. Ela revelou que muitos educadores na Colômbia estão sendo perseguidos por cobrarem seus direitos.
O sindicato trouxe ao Brasil uma professora refugiada, que agora está sob a proteção da Internacional da Educação. "Na Colômbia temos muitos casos de assassinatos de professores, porque são aqueles que tem a condição de realizar o debate com a sociedade", explicou.
Juçara Vieira informou que a descentralização do ensino básico será outro tema de debates. A exemplo do que ocorreu no Brasil depois da implantação da Lei de Diretrizes e Bases (LDB), em 1996, o ensino fundamental passou a ser responsabilidade dos municípios. A mesma coisa também aconteceu no Chile e na Argentina.
E haverá ainda a discussão sobre a valorização da carreira de professor, em especial na América Latina. "Temos os piores salários em relação aos países mais desenvolvidos", acrescentou a dirigente.
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