O Mato Grosso do Sul deve despontar como um dos principais estados produtores de etanol, ou álcool combustível, setor em que o Brasil é líder mundial. Com logística, disponibilidade de áreas agrícolas e incentivos fiscais, grandes investimentos no setor anunciam projetos nos municípios do Estado.
Segundo a Seprotur (Secretaria de Desenvolvimento Agrário, da Produção, da Indústria, do Comércio e do Turismo), além das 11 plantas industriais já instaladas, sendo duas delas inauguradas ano passado, existem outros 41 projetos protocolados junto ao CDI (Conselho de Desenvolvimento Industrial), com pedido de incentivo fiscal. Desses, dois já foram aprovados, 21 se encontram prontos para serem analisados pelo Conselho e outros 18 estão em processo de instrução. A previsão é de injetar cerca de R$ 8,9 bilhões em Mato Grosso do Sul e gerar 66.863 novos empregos, entre os 25 municípios a serem beneficiados.
Otimista, a secretária de Produção, Tereza Cristina Corrêa da Costa Dias, acredita que boa parte desses projetos serão viabilizados, possibilitando assim a diversificação da base produtiva do Estado bem como da matriz energética. “Um dos desafios desse governo é gerar emprego e com a viabilização desses projetos iremos permitir o desenvolvimento sustentável de boa parte do Estado”, pondera ela.
Com a confirmação de todos esses empreendimentos, as plantas industriais terão juntas uma capacidade de moagem de 82,7 milhões de toneladas/ano demandando assim mais de um milhão de hectares de cana-de-açúcar, uma área cinco vezes maior que a atual. Ainda segundos os dados do CDI, a maior parte da produção será destinada para produção do álcool, que deve industrializar anualmente 2,4 bilhões de litros, entre anidro e hidratado. Ano passado à produção chegou a 770,4 milhões de litros.
Para esse ano, conforme as previsões do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), a variação realmente irá crescer, saindo de 12,4 milhões de toneladas para 16 milhões, um incremento de 28,2%. As maiores concentrações de área plantada permanecem e se expandem nos municípios de Rio Brilhante (60,5 mil hectares com produção de 3,6 milhões toneladas), Maracajú (21,7 mil hectares com produção de 1,8 milhão toneladas) e Aparecida do Taboado (20,2 mil hectare com produção de 1,6 milhão tonelada).
Contexto Global
O aumento da procura pelo produto no mundo deve-se a três fatores relevantes: segurança energética (haveria uma redução maior da dependência em relação ao petróleo, cada vez mais escasso e caro); preocupações ambientais (a queima de combustíveis fósseis, derivados do petróleo, emitem gases de efeito-estufa, causando o aquecimento global) e inclusão social (o plantio de safras que geram rendas aos produtores rurais).
Pressionados pelo fato de serem, hoje, os maiores poluidores do planeta, os norte-americanos buscam alternativas para aumentar a parcela de biocombustíveis em sua matriz energética. Isso sem contar que, no mês passado, Bush anunciou a meta de substituir 15% da gasolina da frota de veículos do país por combustíveis renováveis e alternativos. O que representa um consumo de 132 bilhões de litros nos próximos anos. Acontece que a demanda naquele país está crescendo e eles não possuem áreas suficientes para expandir a produção do etanol, hoje feita essencialmente a partir do milho e com um rendimento muito inferior ao da cana na produção de álcool.
Enquanto a produção de petróleo se concentra em 15 países, estima-se que existem mais de 120 países com potencial para produzir biocombustíveis. Nesse contexto, os países da América Latina são os que possuem maior aptidão para a expansão da cultura da cana-de-açúcar. Daí o interesse pelo Brasil, que não só está em expansão na área agrícola como também possui tecnologia própria para a produção do etanol.
Acontece que os usineiros brasileiros querem a redução das taxas cobradas pelos Estados Unidos para nosso etanol – os produtores têm que pagar US$ 0,54 por galão, o que equivale a R$ 0,30 por litro, e mais imposto de 2,5%. Para o presidente do Conselho Extraordinário de Relações Nacionais e Internacionais para o Desenvolvimento Econômico de Mato Grosso do Sul (Conex), Marcus Vinicius Pratini de Moraes, “a visita de Bush é uma oportunidade para o governo brasileiro negociar passos concretos para a abertura do mercado norte-americano”, disse ele em recente reunião com o governo estadual.
Mercado futuro
Prevendo um “up” nas exportações do álcool, a BM&F (Bolsa de Mercadorias e Futuros) e a BBM (Bolsa Brasileira de Mercadorias) estão se preparando para as alterações no contrato de mercado futuro do produto. A previsão, segundo o vice-presidente da Central Regional de Operações da BBM, Carlos Dupas, é que já no próximo mês o novo contrato esteja em operação no Brasil.
Para Dupas, a importância que o álcool brasileiro vem apresentando no mercado internacional, fortalecido com a vinda do presidente norte americano ao Brasil no próximo mês, levaram a bolsa a reagir de forma positiva, inclusive, alterando e melhorando o contrato futuro do álcool para atender a demanda de comercialização mundial. Com informações do portal www.biodieselbr.com.
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