De acordo com FHC, tanto Alckmin quanto o adversário Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem basicamente o mesmo programa político: "o programa, em linhas gerais, é o mesmo desde 1994. O que os brasileiros estão escolhendo agora é um estilo de condução. O PT introduziu a utilização da máquina pública para fins pessoais ou do partido, e as pessoas não gostaram disso", avaliou. Segundo a jornal Folha de S.Paulo, para FHC, Alckmin é "um técnico que estuda os temas", enquanto Lula usa "técnicas populistas".
FHC afirmou que o desempenho na campanha surpreendeu o PSDB, que no início não acreditava que Alckmin pudesse levar a disputa para o segundo turno. O ex-presidente atribuiu o resultado aos erros do petista: "primeiro, seu grupo cometeu muitos erros, construindo esse dossiê contra nosso candidato em São Paulo, José Serra. Depois, ele não foi ao debate, uma atitude um pouco arrogante. E também é preciso admitir que nos últimos dias os meios de comunicação foram muito duros com Lula". FHC não mencionou que ele também não foi a nenhum debate na sua campanha à reeleição, em 1998.
Segundo FHC, Lula ganhou "no Brasil onde o desenvolvimento econômico é mais fraco e o Estado é mais forte", "onde os favores políticos são maiores". "O Brasil ficou dividido, mas não entre ricos e pobres. Ficou dividido entre avançados e atrasados", declarou ele. FHC chegou a admitir que pode ter havido corrupção em seu governo: "É impossível garantir que não exista corrupção em um governo. A diferença é que agora há um estímulo à utilização dos métodos corruptos por líderes do partido governista e de pessoas ligadas ao governo", ressaltou. "Lula não expulsa ninguém do partido ou acaba enaltecendo os acusados, dizendo que são boas pessoas."
FHC referiu-se a Lula como um caudilho: "Lula é um pouco um caudilho, com alguns traços mais do peronismo do que do chavismo." Para o ex-presidente, é justamente por ter esse perfil que o petista "não tem herdeiros políticos". "Um caudilho acredita sempre que é único." Falou também de Lula como um "símbolo", que não controla o dia-a-dia do governo nem de seu partido "porque não tem paciência". "Lula é uma pessoa excepcional, que veio do nada. Mas é uma pena, porque está eliminando o simbolismo de sua figura. Lula nunca foi líder, mas sim um símbolo. É importante que um País tenha símbolos e inclusive mitos. Mas agora o Lula presidente está matando o Lula símbolo". Alckmin, ao contrário, seria o oposto: "sério" e cuida das contas públicas.
O ex-presidente citou também o apoio a Lula dado pelo presidente argentino, Néstor Kirchner. "O que o Kirchner vai fazer se Geraldo ganhar as eleições? Foi uma imprudência de sua parte declarar o voto ao Lula. Isso não se faz."
TErra
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