O padre Marcelo Rossi, um dos sacerdotes mais conhecidos do Brasil, foi barrado na entrada da área reservada para convidados e imprensa no Campo de Marte na madrugada desta sexta-feira (11).
Padre Marcelo, que abre as celebrações que vão culminar na missa de canonização de Frei Galvão pelo Papa Bento XVI, chegou por volta das 5h15 no local e foi barrado por um policial federal que fazia a segurança. "O senhor não pode entrar aqui. Sua credencial não vale nada neste setor", anunciou um agente vestido com terno preto, de óculos, que não quis se identificar. "Deve procurar pela assessoria da organização do evento, caso contrário não vai entrar", emendou.
O religioso ficou na entrada da área por cerca de 10 minutos, em pé, e o policial se posicionou à frente do convidado. Padre Marcelo foi liberado apenas na presença de uma autoridade da Igreja Católica e de um delegado da PF, que o acompanharam até o local da apresentação do show.
"Ainda bem que você não criou um problema entre a Polícia Federal e a Igreja. Seria desagradável", disse o padre ao policial, ao ter sua passagem liberada.
Mesmo barrado, padre Marcelo não perdeu o bom humor, prometendo aquecer a manhã dos fiéis que passaram a madrugada sob uma temperatura de cerca de 10º C em vigília de oração.
"Prometo esquentar a noite fria com um show bem quente", disse padre Marcelo antes de entrar na área reservada, onde iria se preparar para o show previsto para começar as 6h.
O número de fiéis no Campo de Marte, na Zona Norte de São Paulo, cresceu de uma forma mais intensa a partir das 3h. Na última estimativa da Polícia Militar (PM), por volta de 4h30, cerca de 60 mil pessoas já haviam entrado no complexo, para esperar pela celebração de missa por parte do Papa Bento XVI, marcada para as 9h30 desta sexta-feira (11), e canonização de Frei Galvão, o primeiro santo brasileiro.
A PM espera, a partir de agora, um fluxo ainda maior de público nas próximas horas. Levando-se em conta que os organizadores do evento calculam que a missa será assistida por pelo um milhão de pessoas, 250 mil vão passar por hora pelos portões do complexo até o início do evento.
Clone de Frei Galvão
Homem vestido de Frei Galvão faz pose como estátua humana no Campo de Marte. (Foto: Sérgio Lorena/G1)Entre os que esperam a missa está um clone de Frei Galvão. Warley Costa, de 29 anos, funcionário do Museu de Arte Sacra de São Paulo, na região da Luz, Centro da cidade, raspou boa parte do cabelo, deixando apenas um corte em forma de anel. De batina, permanece em pé sob um banco, feito uma estátua, em um local de fácil visualização.
Ele se mexe poucas vezes, quase não fala, e vem despertando a curiosidade das pessoas que se aproximam para admirar a força do rapaz em se parecer com o futuro santo brasileiro.
O público permanece em vigília. São orações, cultos e shows religiosos que ajudam os fiéis a passar o tempo e a enfrentar o frio de 10 graus e um vento que torna a madrugada ainda mais gelada. Para encarar a baixa temperatura, o povo trouxe cobertores, mantas, capas, boinas, bonés, cachecóis, gorros e até barracas.
Embora a temperatura tenha ficado na casa de 10º C, com sensação térmica, devido ao vento, de cerca de 2º C, a madrugada gelada desta sexta-feira não desanimou os fiéis. Pelo menos cinco mil pessoas chegaram por volta das 2h e esperam, em uma vigília marcada por orações e shows religiosos, pela celebração de missa por parte do Papa Bento XVI. Durante o evento, previsto para começar às 9h30, o líder da Igreja Católica irá canonizar o Frei Antônio de Sant’Anna Galvão, o Frei Galvão, primeiro santo nascido no Brasil.
Acampamento improvisado
Jovens fiéis acampam nas proximidades do Campo de Marte, em São Paulo. (Foto: Sérgio Lorena/G1)Jovens cariocas descansaram no canteiro central da Avenida Olavo Fontoura. 19 ônibus deixaram o Rio de Janeiro por volta de 8h desta quinta-feira (10), com cerca de 650 jovens. Desde o meio da tarde de ontem, o grupo está acampada na região do Campo de Marte. Por volta de meia-noite, a maioria ainda dormia no canteiro central em frente a uma das entradas do complexo.
Nenhum deles reclamou do frio. Para encarar as baixas temperaturas, os jovens se enrolaram em cobertores e mantas. “A Igreja vive no meu coração e no coração dos jovens cariocas”, garante Rodrigo José Stankevicz, de 21 anos. “O frio não é um problema. Para participar de uma missa celebrada pelo Papa, enfrento qualquer adversidade”, emendou.
O funcionário público Luciano Ramos Soares, de 27 anos, viajou na mesma caravana carioca. “Vim porque tenho fé e esperança no nosso Brasil. O Papa vai nos ajudar a encontrar o caminho da paz”, afirmou. Soares vestia roupas com as cores da bandeira nacional e carregava uma bandeirinha com a foto de Bento XVI. Ele garante que nem sentiu o intenso frio paulistano. “A temperatura dos católicos está bem alta”, brincou.
Proteção para o frio
Assim que os portões do Campo de Marte foram abertos ao público, a 1h desta sexta-feira, muitos fiéis montaram barracas na área onde os fiéis assistirão a missa. Elas serviam para proteger crianças e idosos, normalmente mais vulneráveis ao frio.
Apesar da baixa temperatura, o Corpo de Bombeiros não havia sido acionado para qualquer emergência até a manhã desta sexta.
G1
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